Segundo uma pesquisa da Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo), divulgada em abril de 2025, cerca de 36% das bebidas vendidas no país apresentam algum tipo de fraude, adulteração ou contrabando. Vinhos e destilados aparecem entre os mais afetados, e o levantamento aponta que uma em cada cinco garrafas de vodca comercializadas é falsificada.
Muitos casos envolvem a presença de metanol, uma substância extremamente tóxica. Para entender melhor os riscos e aprender como diferenciar o álcool do metanol, o farmacêutico naturopata Jamar Tejada explica os efeitos no corpo e os sinais que merecem atenção.
Etanol x metanol: quais as diferenças no corpo
Quando falamos de bebida alcoólica, nos referimos ao etanol, presente na cerveja, no vinho e nos destilados. O organismo consegue metabolizar essa substância: o fígado a decompõe em partes menos nocivas, que depois são eliminadas.
“É por isso que os efeitos do etanol são bem conhecidos, como relaxamento, fala enrolada, sonolência, perda de equilíbrio. Depois de algumas horas, esses sintomas vão embora conforme o corpo processa o álcool”, explica o farmacêutico naturopata Jamar Tejada.
A situação muda quando a bebida está adulterada com metanol. Embora seja parecido com o etanol, o corpo não consegue metabolizá-lo da mesma forma. “No fígado, o metanol é transformado em substâncias altamente tóxicas, em especial o ácido fórmico”, diz.
“Esse ácido ataca principalmente o nervo óptico, que liga os olhos ao cérebro, e também prejudica o funcionamento de várias células do corpo. O resultado pode ser devastador: cegueira irreversível, coma ou até morte”, complementa o profissional.
Quais sinais que não podem ser ignorados
Nos primeiros momentos após a ingestão, os sintomas do metanol lembram os do álcool comum: leve tontura, sonolência e sensação de relaxamento. Entretanto, após 12 a 24 horas, os efeitos mudam drasticamente. O ácido fórmico já está em ação e os sinais ficam intensos:
- dor de cabeça forte e persistente;
- náuseas e vômitos intensos;
- dor abdominal;
- respiração acelerada;
- alterações visuais, como visão borrada, pontos pretos ou sensação de neblina.
Se não houver atendimento médico imediato, o quadro pode evoluir para convulsões, cegueira e até óbito.
Como diferenciar o álcool do metanol na prática
De acordo com Tejada, não existe cheiro, cor ou gosto que permita distinguir uma bebida adulterada apenas pelos sentidos. Portanto, para saber como diferenciar o álcool do metanol, é preciso observar outros indícios:
- a bebida foi comprada em local duvidoso ou por um preço muito abaixo do mercado;
- os efeitos foram mais fortes do que o esperado para a quantidade ingerida;
- os sintomas foram além da “ressaca comum”, incluindo dor de cabeça intensa, vômitos e alterações na visão. Nessas situações, a recomendação é procurar atendimento médico imediatamente.
Resumo: A falsificação de bebidas no Brasil ainda é alarmante, e o consumo de metanol pode trazer riscos graves à saúde. Ao contrário do etanol, metabolizado pelo corpo, o metanol se transforma em ácido fórmico, que provoca sintomas intensos horas depois da ingestão. Reconhecer os sinais precocemente é essencial para evitar complicações graves.
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