Quem já teve, sabe: você sente urgência em fazer xixi a todo momento, mas, após algumas gotinhas, percebe uma ardência intensa no canal urinário, que persiste e incomoda muito.
Esse é o sintoma típico de cistite, também chamada de infecção urinária baixa. “Trata-se de uma doença inflamatória e (ou) infecciosa da bexiga”, esclarece o ginecologista e obstetra Mauricy Chinaglia Bonaparte.
“Em mais de 80% dos casos, o problema é causado pela bactéria Escherichia coli, presente no intestino. Apesar de menos frequente, também existe a versão inflamatória, sem infecção associada”, explica.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Surgindo os primeiros sintomas, recomenda-se procurar um médico. Chás, banhos de assento e outras técnicas caseiras ajudam a mascarar um problema corriqueiro, mas que pode se tornar grave.
“Via de regra, a cistite só é identificada quando há sintomas de infecção, pois na maioria dos casos assintomáticos não é feito o diagnóstico”, esclarece o ginecologista.
De acordo com ele, existem medicamentos disponíveis de baixa resistência bacteriana e de dose única, que resolvem boa parte dos casos.
“Atualmente, se uma mulher tem sinais evidentes de cistite e a avaliação física confirma a suspeita, não há necessidade de esperar o resultado do exame de urina. Uma urocultura, por exemplo, demora, no mínimo, 48 horas para indicar um resultado parcial. Em geral, a causa é mesmo a bactéria Escherichia coli”, diz.
REINCIDÊNCIAS
Os exames de urina, porém, têm uma indicação muito importante quando há infecções recorrentes ou mesmo quando não há certeza do diagnóstico.
“Pacientes com inflamações não curadas ou mesmo com grande número de recidivas estão mais sujeitas às infecções renais, já que poderia ocorrer a ascensão das bactérias, levando a um quadro mais grave.”
“PRIVILÉGIO” DE MULHERES?
Homens, mulheres e crianças estão sujeitos a ter cistite. “No entanto, ela acomete, com muito mais frequência, mulheres na idade adulta. Isso porque a uretra feminina é mais curta – entre 3 e 4 centímetros, enquanto, nos homens, mede entre 15 e 20 centímetros. Portanto, as bactérias podem alcançar a bexiga feminina com mais facilidade. Além disso, ainda há uma proximidade anatômica da vagina com o ânus, o que favorece a contaminação”, justifica o médico.
GESTANTES NA MIRA
Grávidas estão mais sujeitas a episódios de infecção do trato urinário pelo aumento da concentração de hormônios, que diminui a capacidade de se proteger de germes.
Apesar da vontade de fazer xixi ser mais frequente, as grávidas não esvaziam completamente a bexiga e o acúmulo de urina no órgão favorece o desenvolvimento de bactérias. Daí pode vir a cistite.
SÍNDROME DO NAMORADO NOVO
O problema também é identificado popularmente como “cistite da lua de mel” ou “síndrome do namorado novo”. Por quê?
“Durante o ato sexual, há um movimento constante de fricção entre os órgãos genitais, aumentando as chances de bactérias – principalmente a Escherichia coli, que habita o períneo e a região da vulva – serem transportadas para o canal da uretra e chegar à bexiga”, diz Mauricy.
Porém, a “culpa” da cistite, normalmente, não é do homem. A maior parte das infecções do trato urinário feminino é causada por agentes presentes no intestino, que migram para a vagina e para a bexiga.
QUASE TODA MULHER TEM
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), estima-se que 50 a 80% das mulheres apresentarão ao menos um episódio de cistite ao longo da vida. E de 20 a 50% com diagnóstico de cistite poderão apresentar recorrência.
FIQUE ATENTA AO PERCEBER
- Vontade constante de urinar mesmo com a bexiga vazia
- Ardência ao urinar
- Urina em pequenas quantidades
- Febre
- Sangue na urina
- Sensação de pressão no abdômen inferior
- Desconforto na região pélvica
- Urina turva ou com odor forte
SIM, DÁ PARA PREVENIR
Beba muita água: quanto mais incolor a urina, mais chance de não ter infecções. Não segure o xixi. O intervalo médio para ir ao banheiro não deve ultrapassar duas horas. Mantenha a higiene da região íntima. É importante fazer xixi depois das relações sexuais para favorecer a eliminação das bactérias. Evite lingeries de tecidos que retenham a umidade e o calor.