Retirar as amígdalas, principalmente na infância, é mais comum do que imaginamos. Porém, ela já não é tão solicitada pelos médicos como antigamente. De acordo com um estudo realizado por cientistas, retirá-las pode aumentar em até três vezes os riscos de contrair alguma doença respiratória como gripe, pneumonia, bronquite crônica e embolia pulmonar. Ou seja, as conclusões forçam os médicos a repensar os benefícios da cirurgia e, nos próximos anos, é provável que ela, em muitas situações, seja substituída por tratamentos menos invasivos e com menos efeitos colaterais. A seguir, conheça suas funções e saiba em quais momentos de fato é recomendado fazer a intervenção.
Afinal, para que servem?
Localizadas na garganta, elas desempenham um papel importante no sistema de defesa do nosso organismo, principalmente durante a infância. “Elas combatem os agentes nocivos, como vírus e bactérias, que são inalados quando a pessoa tem contato com outra infectada, iniciando assim o processo de produção de anticorpos”, explica Fausto Nakandakari, otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês (SP).
Quando é preciso fazer a cirurgia?
No passado, os médicos tiravam as amígdalas das crianças quase como norma, mas atualmente a indicação é mais precisa: restrita a casos em que se torna absolutamente necessária. “A amigdalectomia é indicada nos casos de obstrução grave das vias aéreas com presença de ronco e apneia do sono. Pacientes, principalmente crianças, que apresentam dificuldade para respirar, infecções no aparelho respiratório e dores de garganta frequentes também são aconselhadas a realizar a cirurgia.”
E as pessoas que têm amigdalite frequente?
Segundo o especialista, quando as amígdalas perdem a função de defesa e passam a representar uma fonte de infecção permanente, chamada amigdalite crônica, o médico deve recomendar a realização do procedimento. “Muito além do desconforto causado pelas dores de garganta, a amigdalite causa mal estar, febre alta, falta de ar, dificuldade para se alimentar e ingerir líquidos, prejudicando bastante a qualidade de vida. Mas é importante dizer que são consideradas amigdalites de repetição – quando ocorrem de três a sete vezes por ano”, diz Nakandakari.
Fatores de risco da amigdalite
– Crianças, pois a imunidade ainda não está totalmente desenvolvida.
– Pessoas com refluxo gastroesofágico.
– Ambientes com ar condicionado.
– Aglomerações em lugares fechados e não ventilados.
– Quem tem as amígdalas volumosas, que são mais suscetíveis a infecções.
Como é feita a cirurgia?
É rápida e simples. Demora cerca de uma hora e necessita de anestesia geral e internação. O médico retira as amígdalas pela boca, sem precisar fazer incisões na pele do lado de fora. Também não é preciso retirar os pontos depois do procedimento, pois a cicatrização ocorre naturalmente. Antes de fazer a cirurgia, o paciente deve fazer jejum absoluto de mais ou menos oito horas. Já o pós-operatório exige mais cuidados. São eles:
– Sentir dor de garganta é comum e pode ser aliviada com analgésicos, conforme a receita médica.
– Evitar atividades que exijam muito esforço até o tempo que o médico determinar.
– Evitar gargarejar e bochechar nos primeiros dias.
– Alimentar-se apenas de líquidos em temperatura ambiente ou gelado, como chá, suco, sorvete e iogurte, nos primeiros dias de recuperação.
– Incluir alimentos pastosos, como sopas e caldos, e moles, como purê de batata e arroz bem cozido, nos dias seguintes ou conforme a aceitação do paciente.