As flutuações hormonais ao longo do ciclo menstrual influenciam diretamente o corpo e a mente. Para mulheres com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), essas oscilações podem intensificar sintomas como desatenção, impulsividade e alterações de humor. A boa notícia é que a alimentação pode ser uma grande aliada nesse processo. A nutricionista Priscila Schramm, especialista em saúde da mulher, explica como fazer escolhas que ajudam a equilibrar esses impactos.
Como o ciclo menstrual afeta o TDAH?
O ciclo menstrual é dividido em fases que interferem nos níveis hormonais, afetando neurotransmissores importantes para o funcionamento do cérebro. “As flutuações hormonais impactam a dopamina e a norepinefrina, essenciais para a atenção, o controle emocional e a impulsividade”, explica Priscila. Isso significa que os sintomas do TDAH podem variar ao longo do mês.
Na fase folicular, o estrogênio sobe gradualmente e melhora a regulação da dopamina, o que pode favorecer o foco e a energia. Perto da ovulação, quando esse hormônio atinge seu pico, há um aumento da energia cognitiva, mas também pode surgir ansiedade. Já na fase lútea, com a queda do estrogênio e o aumento da progesterona, o efeito sedativo desse hormônio pode agravar sintomas como fadiga, irritabilidade e falta de concentração. O período pré-menstrual tende a ser o mais desafiador, pois os hormônios despencam, intensificando os sintomas do TDAH.
Alimentação na fase folicular: mais energia e foco
Na fase inicial do ciclo menstrual, investir em alimentos que favorecem a dopamina pode ser um diferencial. “Alimentos ricos em tirosina, como ovos e carnes magras, ajudam na produção desse neurotransmissor essencial para o foco e a concentração”, recomenda Priscila. O ômega-3, presente em peixes como salmão, também melhora a função cognitiva e aumenta a energia mental.
Ovulação: combatendo ansiedade e impulsividade
Com o pico do estrogênio, a ansiedade pode aumentar. Para equilibrar essa fase do ciclo menstrual, alimentos antioxidantes, como frutas vermelhas e espinafre, ajudam a combater o estresse oxidativo. Já o magnésio, encontrado em sementes de abóbora e nozes, auxilia na redução da ansiedade e promove uma sensação de calma.
Fase lútea: como reduzir os efeitos da progesterona
À medida que a progesterona aumenta e o estrogênio diminui, os sintomas do TDAH podem se intensificar. Segundo Priscila, incluir alimentos ricos em triptofano é uma estratégia eficaz. “A banana, a aveia e as nozes estimulam a produção de serotonina, neurotransmissor ligado ao bem-estar e à regulação emocional”. Alimentos anti-inflamatórios, como cúrcuma e gengibre, também são recomendados para minimizar os efeitos negativos das flutuações hormonais.
Período pré-menstrual: controlando irritabilidade e impulsividade
Nos dias que antecedem a menstruação, os sintomas do TDAH podem atingir seu auge. Para amenizar esse impacto, é essencial equilibrar os níveis de glicose no sangue. “Alimentos ricos em vitamina B6, como batata e abacate, ajudam a controlar a irritabilidade, enquanto os grãos integrais estabilizam os níveis de açúcar no sangue, prevenindo oscilações de humor”, alerta a nutricionista.
Estratégias complementares para o bem-estar
Além da alimentação, adotar uma abordagem holística pode potencializar os efeitos positivos. “Técnicas como meditação, ioga e atividades físicas contribuem para a regulação emocional e ajudam na atenção”, sugere Priscila. O controle do estresse é essencial, pois o cortisol elevado pode agravar os sintomas do TDAH.
Compreender a influência das flutuações hormonais no TDAH e fazer escolhas alimentares adequadas para cada fase do ciclo menstrual podem trazer mais estabilidade ao dia a dia. “A chave é buscar o equilíbrio entre a alimentação, a regulação hormonal e os hábitos diários”, conclui Priscila.
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