Com a chegada da temporada de chuvas em várias regiões do país, o risco de quedas em idosos cresce de forma preocupante. Afinal, calçadas encharcadas, pisos escorregadios e desníveis pouco visíveis se transformam em armadilhas diárias para quem já enfrenta redução do equilíbrio e maior fragilidade óssea. O simples ato de sair de casa pode representar um perigo real para a saúde e a autonomia dessa população.
Segundo o cirurgião de quadril Fábio Elói, membro da Sociedade Brasileira de Quadril (SBQ), especialista em ortopedia e traumatologia e oncologista ortopedista, as quedas em idosos trazem consequências muito mais graves do que em adultos jovens. Isso porque o organismo envelhecido reage de forma diferente ao trauma.
“Além da maior fragilidade óssea, com maior propensão a fraturas, como as de quadril, o tempo de recuperação é mais longo e, muitas vezes, pode comprometer de forma definitiva a mobilidade, a independência e a qualidade de vida”, explica o médico.
Quedas são a segunda causa de óbito entre causas externas
Os números ajudam a dimensionar a gravidade do problema. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a queda é a segunda causa de óbito entre causas externas em pessoas com 60 anos ou mais. Ou seja, perde apenas para os acidentes de trânsito nesse ranking alarmante.
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que, após a hospitalização por fratura decorrente de queda, a mortalidade acumulada em um ano chega a 25,2%. Em contrapartida, entre idosos sem fraturas graves, esse índice cai para cerca de 4%. Portanto, o impacto vai muito além do momento do acidente.
As fraturas de quadril e fêmur se destacam como as mais graves, já que frequentemente exigem cirurgia. De acordo com Fábio, esses casos demandam atenção imediata e cuidados intensivos, especialmente nos primeiros dias após o trauma.
Quando a intervenção cirúrgica é necessária?
Quando ocorre uma fratura de quadril ou fêmur após uma queda, a cirurgia costuma ser indicada com urgência. Idealmente, o procedimento acontece entre 24 e 48 horas após o acidente, pois esse intervalo reduz riscos de infecção, trombose, complicações cardíacas e mortalidade.
O tipo de cirurgia depende da localização e da gravidade da fratura. Entre as opções, estão:
- Osteossíntese, que utiliza placas, parafusos ou hastes metálicas para estabilizar o osso, indicada quando é possível reconstruir a estrutura óssea.
- Artroplastia parcial ou total do quadril, recomendada em fraturas mais complexas, especialmente no colo do fêmur, quando o suprimento sanguíneo está comprometido.
Embora o procedimento seja essencial, o período pós-operatório exige atenção constante. A fisioterapia, apesar de dolorosa, é uma etapa indispensável na recuperação do paciente — quanto mais tempo o idoso permanece imóvel, maior é o risco de trombose, pneumonia, infecções e perda de massa muscular.

Prevenção de quedas em idosos deve ser prioridade
Diante de tantos riscos, a prevenção continua sendo a estratégia mais eficaz para proteger a vida e a autonomia. Segundo o ortopedista, pequenas mudanças na rotina fazem grande diferença. Entre as principais recomendações estão:
- Adaptar o ambiente doméstico com corrimões, tapetes antiderrapantes e boa iluminação, inclusive à noite
- Manter acompanhamento médico regular, especialmente em casos de osteoporose e fraqueza muscular
- Praticar exercícios de equilíbrio e fortalecimento muscular
- Usar calçados seguros, confortáveis e com solado antiderrapante
- Redobrar a atenção em superfícies molhadas, principalmente durante a chuva
Assim, ao investir em prevenção de quedas, é possível reduzir significativamente o número de acidentes e preservar a qualidade de vida na maturidade.
Resumo: Durante a temporada de chuvas, o risco de quedas em idosos aumenta e pode trazer consequências graves. Dados mostram que a queda é a segunda causa de óbito entre causas externas após os 60 anos. Fraturas exigem cirurgia e recuperação longa, o que reforça a importância da prevenção no dia a dia.
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