Embora represente apenas 3% dos casos de câncer de pele no Brasil, o melanoma é o tipo mais agressivo da doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 80% dos casos poderiam ser evitados com simples hábitos de proteção solar.
Neste Junho Preto, campanha de conscientização sobre o melanoma, médicos reforçam que observar o corpo com atenção e buscar ajuda médica diante de qualquer alteração na pele pode fazer toda a diferença no tratamento.
“O melanoma é um tumor silencioso e traiçoeiro. Ele pode começar como uma simples pinta e evoluir rapidamente para uma forma grave, com risco de metástase inclusive para o cérebro, pulmões e fígado”, afirma Sabrina Steffani, dermatologista da Oncoclínicas. “O ponto positivo é que, se identificado nos estágios iniciais, as chances de cura chegam a 90%”, diz
Pintas, manchas e mudanças: quando desconfiar?
O melanoma se origina nos melanócitos, células responsáveis pela pigmentação da pele. Ele pode surgir como uma pinta nova ou a partir de uma já existente que se modifica com o tempo. A dermatologista explica que a principal ferramenta de alerta continua sendo a regra do “ABCDE”:
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A – Assimetria: uma metade da pinta é diferente da outra
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B – Bordas: contornos irregulares ou mal definidos
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C – Cor: variação de tons, como preto, marrom, vermelho ou azul
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D – Diâmetro: maior que 6 mm
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E – Evolução: qualquer mudança no tamanho, cor ou forma
“Observar o próprio corpo regularmente e buscar atendimento médico diante de qualquer mudança é essencial. Muitas vezes, o paciente ignora aquela mancha diferente por achar que não é nada. E o tempo perdido pode fazer diferença no desfecho do tratamento”, alerta Sabrina.
O papel da prevenção: começa na infância
A principal forma de evitar o melanoma é se proteger do sol. E esse cuidado deve começar cedo. “As queimaduras solares na infância são um importante fator de risco para o surgimento do melanoma na vida adulta”, explica a médica. O uso de protetor solar é indicado a partir dos 6 meses de idade, com produtos apropriados para essa faixa etária. Antes disso, o ideal é evitar exposição direta ao sol.
Mesmo na vida adulta, o uso diário do filtro ainda é negligenciado. “O câncer de pele não aparece pelo sol que tomamos apenas nas férias. Ele é resultado de uma exposição crônica, diária e desprotegida. Usar protetor solar deve ser um hábito, assim como escovar os dentes. Todos os dias, mesmo quando o céu está nublado e mesmo dentro de casa”, afirma Sabrina.
Proteção completa vai além do filtro solar
Além do uso de filtro solar com FPS a partir de 30 – reaplicado a cada duas horas ou após suor excessivo e banhos – é importante evitar o sol entre 10h e 16h, buscar sombra, usar roupas com proteção UV, chapéus e óculos. A exposição solar intencional, como o bronzeamento, é contraindicada, e as câmaras de bronzeamento artificial são proibidas no Brasil desde 2009 pela Anvisa.
Outro alerta importante: apesar de mais comum em pessoas de pele clara, o melanoma também pode surgir em pessoas negras. “Nesses casos, costuma aparecer nas palmas das mãos, plantas dos pés e mucosas. O mito de que pessoas negras não desenvolvem câncer de pele é perigoso e atrasa diagnósticos”, reforça a dermatologista.
Como é feito o tratamento do melanoma
Após o diagnóstico, o melanoma é classificado em estágios de I a IV, dependendo da profundidade do tumor e da presença de metástases. Nos estágios iniciais, a cirurgia costuma ser suficiente para a cura. Já em fases avançadas, os tratamentos incluem imunoterapia e terapias-alvo, que vêm revolucionando os resultados clínicos.
“Hoje, contamos com medicamentos capazes de estimular o próprio sistema imunológico a combater o tumor ou agir diretamente em mutações específicas do câncer. O importante é que o tratamento seja individualizado e conduzido por uma equipe experiente, considerando o perfil do tumor e do paciente”, conclui Sabrina Steffani.
Resumo:
Apesar de ser o tipo mais agressivo de câncer de pele, o melanoma tem até 90% de chance de cura se for descoberto no início. Observar o corpo, usar protetor solar todos os dias e manter hábitos de proteção desde a infância são as principais estratégias de prevenção.
Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!