A jornalista Marília Gabriela contou ter feito uma cirurgia para a retirada de um câncer de pele em sua narina esquerda, na última segunda-feira (8). O procedimento para a retirada de um carcinoma basocelular foi feito no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP), e acendeu um alerta para os cuidados com a pele.
“Passei uma semana bem estressante até hoje. Recebi alta agora há pouco, tenho um chumaço me entupindo o nariz que deve ficar assim até a sexta-feira e, importante, um conselho a dar: usem protetor solar, de preferência até dentro [de ambientes internos]”, alertou ela em suas redes sociais.
De acordo com Sheila Ferreira, oncologista do CPO Oncoclínicas, o câncer de pele está diretamente relacionado a uma constante exposição à radiação ultravioleta (UV) sem uso de proteção adequada. Por isso, é preciso estar atento aos sinais de alerta.
“Os principais são presença de lesões cutâneas com crescimento rápido, ulcerações que não cicatrizam e que podem estar associadas a sangramento, coceira e algumas vezes dor. Geralmente surgem em áreas muito expostas ao sol, como rosto, pescoço e braços”, explica a médica.
TIPOS DE CÂNCER
O câncer de pele não-melanoma pode ser classificado em: carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular. O primeiro é o tipo mais frequente, com crescimento normalmente mais lento.
O diagnóstico se dá, usualmente, pelo aparecimento de uma lesão nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do rosto, pescoço e couro cabeludo. Já no carcinoma espinocelular, mais comuns em homens, ocorre a formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ulceração (ferida) de difícil cicatrização.
“Ambos estão relacionados à alta exposição dos raios solares e devem ser prevenidos com protetor solar e consultas frequentes com dermatologista, para detecção do câncer na sua fase inicial”, aponta a oncologista.
Já o chamado câncer de pele do tipo melanoma, apesar de considerado como sendo de baixa incidência – ele é responsável por 8.450 novos diagnósticos por ano -, é o mais agressivo e requer atenção redobrada. São geralmente os casos que se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modificações ao longo do tempo.
As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o “ABCDE” – Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro, Evolução. “A doença é mais facilmente diagnosticada quando existe uma avaliação prévia das pintas”, ressalta a médica.
PREVENÇÃO É A CHAVE
Em linhas gerais, a principal causa evitável da doença é o sol. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer de pele corresponde a 33% dos diagnósticos da doença no Brasil. Além disso, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 185 mil novos casos.
Sobre o caso da apresentadora, a dermatologista Fernanda Nichelle aponta que, caso Marília tivesse ignorado a ferida no nariz, a situação poderia piorar.
“Ele [carcinoma basocelular] é o mais prevalente entre todos os tipos de câncer de pele. Apesar de ter uma baixa mortalidade, tem um grande potencial de destruição e invasão do local afetado, podendo causar graves problemas estéticos. Quando não tratado, pode destruir algumas áreas da face e penetrar nos tecidos mais profundos”, explica.
Para pessoas que costumam ficar expostas ao sol, é preciso reforçar o uso do protetor solar diariamente, principalmente no rosto. Se a exposição aos raios solares for maior, como na praia ou piscina, por exemplo, abuse do protetor no corpo todo, use chapéus e evite o horário em que a incidência solar esteja mais forte, entre 10 e 16 horas.
“Pessoas de pele clara, cabelos claros ou ruivos, com sardas e olhos claros são mais propensas a desenvolverem o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto maior o tempo de exposição da pele, mais envelhecida ela fica, aumentando também a possibilidade de surgimento do câncer não-melanoma”, destaca Sheila.
Também é importante a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas e seu diagnóstico precoce. Se houver necessidade de exposição solar, usar barracas de proteção, além de roupas com proteção UV no tecido.
“Atualmente, alguns estudos apontam os benefícios de antioxidantes via oral, como o polypodium leucotomos como adjuvantes na prevenção dos danos dos raios UV”, explica Nichelle.
TRATAMENTO
Os tipos de tratamento podem variar, indo de simples medicações orais e pomadas para a pele, até cirurgias mais complexas e quimioterapia. Isso vai depender do tipo de câncer que o paciente está enfrentando.
Também é recomendável a ressecção cirúrgica destas lesões por especialista habilitado para adequada abordagem das margens ao redor da mesma. Posteriormente, dependendo do estágio da doença, pode ser necessária a realização de tratamento complementar. Quando diagnosticada precocemente, quimioterapia ou radioterapia são raramente necessárias e a cirurgia é capaz de resolver a maioria dos casos.
“Podem ser via cirurgia excisional, curetagem e eletrodissecção, criocirurgia, cirurgia a laser, cirurgia micrográfica de mohs, Terapia Fotodinâmica (PDT), a radioterapia, a quimioterapia, a imunoterapia e as medicações orais e tópicas são outras opções de tratamentos para os carcinomas”, ressalta a dermatologista.