A Dinamarca está prestes a conquistar um feito histórico na área da saúde: eliminar o câncer de colo do útero até 2040. Isso graças a dois pilares fundamentais — a vacinação contra o HPV e os exames preventivos de rotina. Segundo a Liga Dinamarquesa contra o Câncer, o número de casos já caiu drasticamente no país.
Para se ter uma ideia, a taxa atual é inferior a 10 casos para cada 100 mil mulheres. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a doença erradicada quando esse número cai para menos de quatro. Se o ritmo continuar, é possível que a meta seja atingida até antes de 2040.
Vacinação contra HPV é o grande trunfo da Dinamarca
Grande parte do sucesso da Dinamarca se deve à alta cobertura vacinal. Hoje, 89% dos meninos e meninas com 12 anos já tomaram a primeira dose da vacina contra o HPV — um número que chega perto da meta de 90%. Além disso, a vacina é gratuita e faz parte do calendário nacional de imunização desde 2008 para meninas e, desde 2019, também para meninos.
Não é à toa que os especialistas comemoram: eliminar o câncer de colo do útero seria um marco na história da medicina moderna.
Mesmo com avanços, exames preventivos ainda são desafio
Apesar do ótimo desempenho na vacinação, a Dinamarca ainda enfrenta um obstáculo importante: a adesão aos exames de rotina. Apenas 60% das mulheres fazem o rastreamento preventivo com regularidade, enquanto a meta é de pelo menos 70%. Ainda assim, o país avança com consistência.
Situação do Brasil preocupa especialistas
Enquanto países europeus dão exemplo, o Brasil ainda precisa avançar bastante. Por aqui, o câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais comum entre as mulheres, com mais de 17 mil novos casos por ano, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Infelizmente, a estimativa é que, em 2025, o país ultrapasse pela primeira vez a marca de 7 mil mortes por esse tipo de câncer. O número reflete, em parte, o crescimento populacional, mas também revela uma falha importante na prevenção e no acesso ao diagnóstico precoce.
Cobertura vacinal no Brasil ainda é baixa
Outro ponto crítico é a vacinação contra o HPV. Embora a vacina esteja disponível gratuitamente no SUS, a cobertura ainda gira em torno de 60%, bem abaixo dos 90% recomendados pela OMS.
Além disso, a pandemia de Covid-19 atrasou exames e tratamentos, o que pode ter agravado ainda mais o cenário. Por isso, especialistas alertam: é essencial investir em campanhas de conscientização, facilitar o acesso à vacina e incentivar os exames de rotina.
É possível mudar essa realidade
O câncer do colo do útero é causado, principalmente, pela infecção persistente do HPV — vírus sexualmente transmissível que pode provocar alterações celulares no colo do útero. Quando essas alterações não são identificadas a tempo, podem evoluir para um tumor.
Por isso, prevenir é sempre o melhor caminho. E o exemplo da Dinamarca mostra que, com esforço coletivo e políticas públicas eficazes, eliminar essa doença é totalmente possível.
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