A cantora Preta Gil faleceu, no último domingo (20), aos 50 anos em decorrência de um câncer colorretal. Filha de Gilberto Gil, ela estava em tratamento desde 2023, quando foi diagnosticada com a doença aos 48 anos. Ao longo de dois anos, a artista compartilhou com o público seu processo de cura, que incluiu cirurgias, sessões de quimioterapia, internações e até um tratamento experimental nos Estados Unidos, país onde veio a falecer.
Embora esse tipo de câncer – também chamado de câncer de intestino, que se desenvolve no colón ou no reto – seja mais comum após os 50 anos, estudos internacionais mostram um aumento significativo de diagnósticos em indivíduos mais novos nas últimas décadas.
Segundo a revista médica britância BMJ Oncology, entre os anos de 1990 e 2019, a incidência global de câncer de início precoce cresceu 79,1%, enquanto o número de mortes associadas aumentou 27,7%. Já a The Lancet Oncology também identificou crescimento da doença entre adultos jovens em países como Chile, Inglaterra e Nova Zelândia.
Indo na mesma direção, aqui no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 45.630 novos casos de câncer colorretal por ano entre 2023 e 2025, com um risco estimado de 21,10 casos por 100 mil habitantes. A doença ocupa a 3ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes no país, com maior incidência nas regiões Sul e Sudeste.
O que explica o aumento de casos de câncer colorretal?
Para o oncologista Antônio Cavaleiro, do Hospital Santa Catarina – Paulista, o aumento de casos da doença entre jovens pode estar diretamente ligado a fatores como dieta rica em ultraprocessados, sedentarismo, obesidade e alterações na flora intestinal.
“Os dados são um alerta importante, pois apontam uma tendência preocupante que pode impactar também os jovens brasileiros”, afirma o especialista.
O diagnóstico nessa faixa etária, segundo Antônio, também é um desafio, justamente por ser mais comum em adultos acima dos 50 anos. Por isso, “o câncer colorretal muitas vezes não é considerado em um primeiro momento quando pacientes jovens apresentam sintomas.”
Além disso, ele explica que alguns sintomas da doença, como fadiga e diarreia, podem passar despercebidas e, muitas vezes, associadas a outras condições, “retardando a busca por exames adequados.”
O crescimento de casos de câncer colorretal nos últimos anos também pode estar relacionado a hábitos pouco saudáveis. Dieta rica em ultraprocessados, sedentarismo, obesidade e uso excessivo de antibióticos estão entre os fatores que favorecem o desenvolvimento do câncer colorretal precoce.
Em quais sintomas ficar atenta?
Mesmo que os sinais não pareçam alarmantes à primeira vista, alguns sintomas merecem avaliação médica imediata. Veja os principais:
- Sangue nas fezes;
- Mudanças persistentes no hábito intestinal (diarreia ou constipação);
- Dor abdominal frequente ou sensação de evacuação incompleta;
- Perda de peso sem explicação aparente;
- Fadiga, fraqueza e anemia.
Por mais que sejam sintomas comuns a outras condições, a persistência deles pode indicar algo mais sério. Portanto, é essencial procurar atendimento especializado o quanto antes.
Pacientes que já sofrem com doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que aumentam ainda mais a vulnerabilidade, também precisam ficar mais atentas. “A influência desses fatores na incidência do câncer colorretal precoce é evidente. Precisamos reforçar a conscientização e incentivar hábitos saudáveis desde cedo”, destaca o oncologista.
Como prevenir?
A melhor forma de prevenir o câncer colorretal é investir em um estilo de vida saudável. Isso inclui:
- Alimentação rica em fibras;
- Redução no consumo de carnes processadas e produtos ultraprocessados;
- Prática regular de atividade física;
- Controle do peso;
- Evite o tabagismo;
- Moderação no consumo de bebidas alcoólicas.
Além disso, quem tem histórico familiar deve realizar exames regulares e, se necessário, testes genéticos. “A chave está na prevenção. Pequenas mudanças no dia a dia fazem toda a diferença na redução do risco da doença”, conclui o oncologista.
Resumo: Após a morte de Preta Gil em decorrência do câncer colorretal, uma pesquisa aponta um alerta para o crescimento do câncer colorretal entre adultos jovens. Alimentação desequilibrada, sedentarismo e histórico familiar estão entre os principais fatores de risco. Por isso, é importante estar atento aos sintomas e investir na prevenção desde cedo.
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