O Brasil é o quarto maior consumidor de açúcar do mundo e ingere quase o dobro do limite recomendado. Isso mesmo! O brasileiro consome, em média, 80 gramas de açúcar por dia, quase 60% acima do limite indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda até 50 gramas diárias. Tem mais: a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) revela que 85,4% da população adiciona açúcar a alimentos e bebidas.
Segundo o nutrólogo Daniel Magnoni, da Rede de Hospitais São Camilo e do Instituto de Metabolismo e Nutrição (Imen), o excesso da substância está diretamente ligado ao aumento da obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, agravando o cenário de saúde pública no país.
A maior parte desse consumo vem do açúcar adicionado em casa, usado para adoçar cafés, sucos e sobremesas, mas o avanço dos alimentos ultraprocessados tem agravado o problema. “Bebidas açucaradas e produtos industrializados concentram açúcares livres, que oferecem calorias vazias e comprometem o equilíbrio nutricional”, explica Daniel. Ele alerta que o açúcar também aparece “escondido” em alimentos aparentemente salgados, como molhos prontos, pães de forma, cereais matinais e caldos industrializados, utilizados para prolongar a validade dos produtos e realçar o sabor.
Para reduzir o consumo, o especialista orienta a leitura cuidadosa dos rótulos, observando a ordem dos ingredientes – listados do maior para o menor em quantidade – e identificando sinônimos de açúcar, como xarope de milho, maltodextrina, dextrose, frutose e melado. “Quando o açúcar aparece entre os primeiros itens da lista, o produto é majoritariamente composto por ele, o que indica baixa qualidade nutricional”, reforça.
O que o açúcar faz no corpo em poucos minutos?
Logo após o consumo, o açúcar provoca um pico de glicose no sangue, o que faz o pâncreas liberar grandes quantidades de insulina.
Esse sobe-e-desce rápido gera fome precoce, cansaço e aumento do apetite por alimentos calóricos. No longo prazo, repetidas elevações de insulina favorecem o acúmulo de gordura abdominal e a resistência à insulina, etapa inicial para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Por que o açúcar vicia?
Estudos mostram que o açúcar estimula áreas do cérebro ligadas ao prazer e à recompensa, liberando dopamina — o mesmo neurotransmissor ativado por comportamentos compulsivos.
Esse mecanismo explica a vontade de repetir o consumo mesmo sem fome real. Quanto mais frequente o hábito, maior a tolerância e a necessidade de quantidades maiores para obter a mesma sensação.
Alimentos que ajudam a controlar a vontade de doce
Combinações de fibras, proteínas e gorduras boas ajudam a desacelerar a absorção de glicose e reduzem o desejo por açúcar ao longo do dia.
Frutas com fibras mais altas (como maçã, pera e morango), iogurte natural, oleaginosas, ovos, aveia e chocolate amargo (acima de 70% cacau) são opções que equilibram o paladar e evitam picos glicêmicos.
Pequenas trocas que fazem diferença
Diminuir o açúcar não exige mudanças radicais. Reduzir aos poucos a quantidade usada no café, substituir refrigerantes por água com gás e limão, optar por molhos caseiros e escolher versões “sem açúcar adicionado” já reduz significativamente o consumo diário. Outra estratégia eficiente é evitar comer doces com o estômago vazio — isso ajuda a evitar picos de glicose e minimiza a compulsão.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1496, de 21 de novembro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.







