Nos últimos meses, as canetas emagrecedoras passaram a fazer parte da rotina de muitas mulheres. No entanto, junto com os benefícios prometidos, surgem dúvidas importantes — especialmente quando o assunto envolve contracepção. Compreender a relação entre Mounjaro e anticoncepcional é fundamental para quem faz uso dessas medicações e deseja evitar uma gravidez não planejada.
Recentemente, a médica e ex-BBB Laís Caldas compartilhou em seu Instagram que engravidou mesmo usando pílula anticoncepcional. A revelação chamou atenção justamente porque ela seguia o método corretamente.
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Caneta emagrecedora e gravidez
Ao explicar o que aconteceu, Laís contou que usava tirzepatida (Mounjaro®) como parte de um protocolo para emagrecer antes do casamento. O detalhe importante é que esse medicamento atua retardando o esvaziamento gástrico. Ou seja, ele faz com que o estômago demore mais para liberar o conteúdo para o intestino.
Como consequência, a absorção de alguns medicamentos orais pode diminuir. Entre eles, está justamente a pílula anticoncepcional. Assim, a associação entre caneta emagrecedora e gravidez deixou de ser apenas um boato para se tornar uma preocupação real.
Tirzepatida e anticoncepcional oral: o que dizem os estudos
Medicamentos como semaglutida, o Ozempic, e tirzepatida, o Mounjaro, pertencem à classe dos agonistas do GLP-1. Embora tenham sido criados para tratar o diabetes tipo 2, hoje também são usados para perda de peso.
Segundo Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da FEBRASGO, a principal questão está na interferência desses fármacos na absorção de medicamentos orais. Estudos mostram que a tirzepatida pode reduzir significativamente a concentração dos hormônios da pílula no sangue, especialmente nas primeiras semanas de uso ou durante o ajuste de dose.
Já o Ozempic, até o momento, não demonstrou impacto clínico relevante sobre a eficácia dos contraceptivos orais. Mesmo assim, o acompanhamento médico segue indispensável.
Quando o anticoncepcional perde efeito sem aviso
Estudos indicam que algumas medicações podem reduzir o pico hormonal da pílula em até 66% e diminuir em cerca de 23% a absorção total do medicamento. Isso ajuda a entender por que a gravidez usando anticoncepcional pode acontecer mesmo quando o uso é correto.
Por isso, especialistas reforçam que confiar apenas no método oral durante o uso de tirzepatida pode não ser suficiente, principalmente no início do tratamento.
Alternativas seguras ao combinar uso de GLP-1 e contraceptivos
Diante desse cenário, a FEBRASGO recomenda que mulheres que utilizam tirzepatida evitem contraceptivos hormonais orais. Em vez disso, devem considerar métodos de longa duração, como DIU hormonal, DIU de cobre ou implante contraceptivo. Além disso, associar métodos de barreira, como camisinha, é uma estratégia importante.
Outro ponto essencial é o planejamento reprodutivo. Não há evidência de segurança para o uso dessas medicações durante a gravidez ou amamentação. Por isso, médicos orientam suspender a semaglutida por pelo menos dois meses e a tirzepatida por um mês antes de tentar engravidar.
Resumo: O relato de Laís Caldas traz um alerta necessário sobre Mounjaro e anticoncepcional. Canetas emagrecedoras podem interferir na absorção da pílula, aumentando o risco de gravidez. Especialistas recomendam métodos contraceptivos mais seguros e acompanhamento médico individualizado. Informação e planejamento seguem sendo os maiores aliados da saúde feminina.
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