Em cerca de dois a cinco anos, o investimento inicial da cirurgia pode se pagar, graças à economia com remédios e cuidados médicos. Além do ganho inestimável: anos de vida com mais saúde, disposição e autoestima.
Nos últimos anos, novas medicações para perda de peso — especialmente os análogos de GLP-1 — ganharam enorme visibilidade. Elas são eficazes, mas, assim como a cirurgia bariátrica, não são uma solução “mágica”. Ambas as estratégias exigem acompanhamento profissional e mudanças no estilo de vida para que os resultados sejam mantidos a longo prazo.
Como cirurgião do aparelho digestivo, vejo diariamente muitos pacientes que chegam ao consultório com essa dúvida: “Vale mais a pena a cirurgia ou o tratamento medicamentoso?”. A resposta não é simples e depende do grau de obesidade, das doenças associadas e da história clínica de cada paciente.
Quando considerar cada opção
- Medicação para emagrecer
Indicada para pessoas com sobrepeso ou obesidade leve, ou para aquelas que não podem ou não desejam passar por um procedimento cirúrgico. Os remédios, em geral, reduzem o apetite e aumentam a saciedade, mas seu uso deve ser contínuo e acompanhado por médico. Ao suspender, há risco de reganho de peso. - Cirurgia bariátrica
Indicada para pacientes com IMC acima de 40 kg/m² ou acima de 35 kg/m² com doenças associadas (como diabetes tipo 2, hipertensão e apneia do sono). A bariátrica promove não apenas perda de peso mais acentuada e sustentada, mas também melhora significativa (e muitas vezes remissão) dessas comorbidades.
O impacto financeiro a longo prazo
O que pouca gente considera é o custo acumulado dos tratamentos para obesidade. Medicamentos modernos podem custar milhares de reais por mês — e, para manter os resultados, é preciso uso contínuo. Já a cirurgia bariátrica tem um custo inicial mais elevado, mas, no longo prazo, representa uma economia significativa.
Pacientes bariátricos costumam reduzir ou suspender medicamentos para diabetes, hipertensão e colesterol, economizando em consultas e receitas; diminuir gastos com internações e exames ligados às complicações da obesidade e ainda sentem uma melhora significativa na produtividade e a qualidade de vida, reduzindo afastamentos do trabalho e custos indiretos.
Estudos apontam que, em cerca de dois a cinco anos, o investimento inicial da cirurgia pode se pagar, graças à economia com remédios e cuidados médicos. Além disso, há um ganho inestimável: anos de vida com mais saúde, disposição e autoestima.
Nem todo paciente é candidato à cirurgia bariátrica, e nem todas terão resultados sustentáveis apenas com medicação. Por isso, o mais importante é ter acompanhamento multiprofissional (médico, nutricionista e psicólogo) e discutir os prós e contras de cada abordagem.
Lembre-se: emagrecer não é só perder peso, é ganhar vida e saúde.
Sobre o autor:
Dr Rodrigo Barbosa, cirurgião digestivo sub-especializado em cirurgia bariátrica e coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho. Sou também CEO do Instituto Medicina em Foco e coordenador do Canal ‘Medicina em Foco’ no Youtube.







