O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das emergências médicas mais graves do país e ocupa o topo das causas de morte entre os brasileiros. Junto ao infarto, integra o grupo de doenças cardiovasculares, responsáveis por cerca de 30% dos óbitos anuais, de acordo com o Ministério da Saúde.
Entre janeiro e outubro deste ano, 64.471 pessoas perderam a vida devido ao AVC, o equivalente a um óbito a cada seis minutos. Em 2024, os custos hospitalares com a doença já chegaram a R$ 910 milhões, considerando mais de 85 mil internações, das quais um em cada quatro pacientes precisou de leito de UTI.
Principais fatores de risco do AVC
Especialistas reforçam que oito em cada dez casos de AVC podem ser prevenidos com medidas simples. Segundo a Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC) e o Ministério da Saúde, controlar a pressão arterial, manter uma rotina de exercícios e abandonar o cigarro são passos essenciais.
Outros fatores de risco incluem:
- Hipertensão
- Diabetes
- Colesterol alto
- Obesidade
- Tabagismo
- Sedentarismo
“O AVC é súbito e devastador, mas na maioria dos casos é evitável. Infelizmente, muitos ainda negligenciam o controle da pressão arterial e o abandono do cigarro”, explica o neurocirurgião Hugo Doria, do Hospital Santa Catarina ao g1.
Tipos de acidente vascular cerebral
Existem dois tipos principais de AVC:
Isquêmico (85% dos casos) – ocorre quando um vaso sanguíneo que leva sangue ao cérebro fica bloqueado. Geralmente está associado à pressão alta e a doenças cardíacas, como a fibrilação atrial.
Hemorrágico (15% dos casos) – acontece quando um vaso sanguíneo se rompe, provocando sangramento cerebral. É menos frequente, porém mais grave, com risco elevado de sequelas e morte.
“Durante o AVC isquêmico, há morte de células cerebrais por falta de sangue. Já no hemorrágico, o sangramento compromete diretamente o tecido cerebral”, detalha o neurocirurgião Feres Chaddad, da Unifesp.

Jovens também estão em risco
Embora o acidente vascular cerebral seja historicamente associado a pessoas idosas, os casos em adultos jovens têm crescido significativamente. A incidência de AVC isquêmico em menores de 45 anos aumentou 66% na última década, segundo dados da SBAVC.
Fatores modernos, como obesidade, sedentarismo, cigarro eletrônico, anticoncepcionais e dietas desbalanceadas, elevam a pressão e inflamação dos vasos, antecipando o surgimento da doença. Em homens, o uso de anabolizantes e testosterona em academias aumenta o risco de trombose, enquanto nas mulheres a combinação de enxaqueca com aura, anticoncepcional e cigarro é especialmente perigosa.
Reconhecendo os sinais: cada minuto conta
No Dia Mundial do AVC, especialistas reforçam: “tempo é cérebro”. Os sinais aparecem de forma súbita e exigem ação imediata. Entre os principais sintomas estão: sorriso torto, fraqueza em um dos lados do corpo, dificuldade para falar, perda de visão, tontura e dor de cabeça intensa.
O teste rápido “SAMU” ajuda a identificar o problema:
- Sorriso: peça para sorrir; se um lado não se mover, é alerta.
- Abraço: verifique se consegue levantar ambos os braços.
- Música: peça para repetir uma frase simples.
- Urgente: ligue para 192 imediatamente.
O tratamento deve começar nas primeiras quatro horas, podendo envolver trombolíticos ou trombectomia mecânica, dependendo do tipo de AVC.
Diagnóstico e reabilitação
O diagnóstico é feito por tomografia ou ressonância magnética, essenciais para identificar se o AVC é isquêmico ou hemorrágico. Após o evento, reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional aumenta as chances de recuperação.
“O cérebro adapta-se de forma impressionante, principalmente nos primeiros meses. Mas a prevenção continua sendo a melhor estratégia”, reforça Hugo Doria.
Resumo: O acidente vascular cerebral mata um brasileiro a cada seis minutos, mas até 80% dos casos podem ser prevenidos com mudanças simples de estilo de vida. Reconhecer os sintomas e agir rápido salva vidas.
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