Para alguns, fazer cocô é um alívio. Para outros, tortura. O assunto pode gerar histórias engraçadas ou nojo – depende do tom ao abordá-lo. Mas seja lá qual dessas carapuças lhe servir, esteja atenta às suas fezes que, produto de um mecanismo fisiológico do organismo, são formadas por sobras de alimentos não digeridos misturadas à água e bactérias. Por quê? De acordo com José Luiz Capalbo, coloproctologista e coordenador do Centro de Gastroenterologia do Hospital 9 de Julho (SP), o formato, a consistência e a cor delas dizem muito sobre a saúde do sistema digestivo.
Formatos e consistências
Cilíndricas e alongadas: segundo Capalbo, essas são as características típicas de fezes saudáveis.
Duras e secas: as versões compridas e com rachaduras ou em pedaços duros e separados, como se fossem várias bolinhas, são
difíceis de eliminar. Isso pode sinalizar prisão de ventre, causada pelo baixo consumo de líquidos, principalmente água, e fibras. “Quem tem o intestino preso deve comer cereais integrais, frutas com casca, vegetais e hortaliças”, aconselha o especialista.
Mole e com água: o cocô comprido como uma salsicha ou em pedaços pastosos podem indicar diarreia. Esse problema pode ser causado por bactérias, irritação no intestino ou por conta da ingestão de alimentos que o corpo não está acostumado.
Cores
O tom vaira de acordo com a qualidade a alimentação. Porém, as alterações também podem indicar problemas intestinais ou doenças. “A bile, um líquido produzido pelo fígado, atua na digestão de gorduras no intestino e que influencia na coloração das fezes”, explica o médico.
Variação entre castanho claro e castanho escuro: esses são os tons considerados saudáveis. Eles refletem o consumo equilibrado de fibras, encontradas principalmente em frutas, cereais, legumes e verduras, e ingestão de água.
Amarelo: “Em geral, boiam e têm gotas de óleo ao redor. Isso significa que o intestino está com dificuldade para digerir gordura”,
esclarece. Pancreatite e doença celíaca são alguns dos problemas que podem causar a má-absorção de gorduras.
Verde: acontece, principalmente, se o intestino funciona muito rápido e sem tempo suficiente para absorver direito os alimentos.
O tom também pode indicar ingestão excessiva de vegetais verdes-escuros.
Vermelho: “A presença de sangue, em geral, se dá por lesões do reto, como no caso de hemorroidas”, diz o especialista. Pode
ocorrer sangramento também por infecção e inflamações. O consumo de alimentos vermelhos, como beterraba é outra causa
do cocô nesse tom.
Preto: o cocô escuro possui um odor mais desagradável do que o normal. Ele pode ser um sinal de sagramento em algum lugar do trato gastrointestinal. As fezes de quem toma suplemento vitamínico de ferro também ganham essa coloração.
Branca: a cor semelhante à do papel sulfite pode apontar para um problema localizado em alguns órgãos do corpo, como o fígado, o pâncreas ou as vias biliares, como pedras biliares ou mesmo um câncer em algumas dessas áreas.
Frequência
Para Capalbo, é considerável saudável evacuar desde três vezes por dia até uma vez a cada três dias. Passado esse período, as fezes
vão se solidificando e cada vez fica mais difícil saírem. Caso isso aconteça, procure um especialista para identificar o possível problema.