A pílula anticoncepcional já foi símbolo de liberdade e autonomia feminina, principalmente quando surgiu, na década de 1960. Mas, hoje, muitas mulheres, especialmente da geração millennial (nascidas entre 1980 e 2000), têm optado por abandonar esse método. O motivo? Vai muito além de evitar ou não uma gravidez: trata-se de um novo olhar sobre o corpo, a saúde e as escolhas.
Segundo dados da Sociedade Espanhola de Contracepção, o uso do medicamento caiu em vários países. Na Espanha, apenas 17% das mulheres ainda utilizam a pílula; no Reino Unido e na França, o índice é maior, mas também tem diminuído. Diante desse cenário, é natural se perguntar: por que tantas mulheres deixaram de tomar a pílula?
Efeitos colaterais do anticoncepcional preocupam as mulheres
De uns anos para cá, a preocupação com a saúde deixou de se restringir ao controle da fertilidade. Como explica ao portal Terra a ginecologista e sexóloga Erica Mantelli, muitas mulheres estão em busca de métodos mais saudáveis, que não envolvam hormônios sintéticos. Afinal, embora a pílula seja eficaz para evitar gravidez e auxiliar no controle de algumas condições, ela também está associada a efeitos colaterais variados.
Entre os mais relatados estão alterações de humor, retenção de líquidos, diminuição da libido e ganho de peso. No entanto, há riscos mais sérios, como o aumento da probabilidade de trombose, AVC e doenças cardiovasculares. E agora que as informações estão mais acessíveis, muitas estão escolhendo se afastar do medicamento.
Feminismo e informação impulsionam novas escolhas
O feminismo também tem papel importante nesse movimento. Com ele, muitas mulheres passaram a entender melhor seus corpos, seus direitos e a questionar decisões impostas ao longo da vida. E isso inclui a relação com o anticoncepcional.
Um exemplo é o caso do anticoncepcional masculino, que teve seus estudos suspensos devido a efeitos colaterais. Ironicamente, os mesmos efeitos são enfrentados por mulheres há décadas sem tanta preocupação por parte da sociedade. Diante dessa realidade, muitas passaram a enxergar a pílula como parte de um sistema que prioriza o conforto masculino em detrimento da saúde feminina.
Outras razões para abandonar a pílula: veganismo e alternativas seguras
Outro ponto que tem pesado na decisão é o respeito aos animais. Mulheres adeptas do veganismo — que evitam qualquer produto testado ou derivado de animais — descobriram que a produção da pílula envolve testes emanimais. Isso fez com que muitas abandonassem o método e procurassem alternativas mais alinhadas com seus valores.
E sim, essas alternativas existem! Além da camisinha, há métodos como o DIU (dispositivo intrauterino) não hormonal. Segundo a especialista, ele é eficaz, não interfere nos hormônios da mulher, não engorda e nem reduz a libido. O DIU de cobre, por exemplo, pode durar até 10 anos; já o de cobre com prata tem duração de cinco anos. Ambos podem ser inseridos e retirados quando a mulher desejar, sempre com acompanhamento médico.
O que considerar antes de trocar o método anticoncepcional
Antes de mudar qualquer método contraceptivo, é fundamental conversar com um profissional de saúde. Cada mulher tem um histórico e um estilo de vida únicos. Por isso, aquilo que funciona para uma amiga pode não ser a melhor escolha para você.
Com mais informação, autonomia e consciência, cada vez mais mulheres estão escolhendo o que faz sentido para si — inclusive, dizer não à pílula. E isso, por si só, já é um grande avanço.
Resumo: A geração millennial está transformando o uso do anticoncepcional ao priorizar a saúde, o acesso à informação e escolhas mais conscientes. Efeitos colaterais, preocupações com o meio ambiente e o feminismo impulsionam esse movimento. Felizmente, existem métodos seguros e livres de hormônios que oferecem mais liberdade e bem-estar para quem deseja se proteger sem abrir mão da saúde.
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