De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), durante a pandemia, o número de casos de depressão praticamente dobrou no país e os sintomas relativos à ansiedade e ao estresse aumentaram em 80%.
Porém, há formas de evitar o estresse e a ansiedade gerados pelo momento e, assim, encarar o novo ano de maneira equilibrada. O bem-estar pode ser conquistado a partir das virtudes e potencialidades pessoais, focos do trabalho da psicologia positiva. Confira os pensamentos que irão auxiliar você a tirar o melhor desse momento.
“DEVO TER MAIS AUTOCOMPAIXÃO”
Um dos males modernos mais frequentes é uma profunda cobrança por sucesso e realização pessoal, comumente por meio do trabalho, que não raro é exagerado e impacta no bem-estar do indivíduo, privando-o de prazeres como a companhia de amigos e familiares e podendo gerar distúrbios, como a Síndrome de Burnout, ou seja, o esgotamento emocional por exaustão extrema.
“Mesmo com a paralização temporária de algumas atividades e a restrição de circulação, muitas pessoas continuaram a se cobrar produtividade, muitas vezes, em nível até maior, uma vez que a possibilidade de home office as eximiu do tempo gasto com o trânsito, mas implicou em não limitar seu tempo de atividade profissional diária”, analisa Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada pela Universidade da Pensilvânia.
Essa cobrança exagerada impacta na convivência com o mundo exterior. O indivíduo percebe-se ansioso e, quando se dá conta, não se permite mais o prazer do convívio, e pode até mesmo apresentar sintomas físicos preocupantes. O ideal é parar um instante e se distanciar da própria situação para um maior entendimento que leve a conexões mentais que possam estimular a estabelecer limites para as tarefas cotidianas.
“BUSCO A EMPATIA E ME APROXIMO DO OUTRO”
O convívio é uma premissa da vida em sociedade. Sendo assim, mesmo que por vias tecnológicas ou com os rostos tampados por máscaras, a conexão com o próximo é inevitável. “Há evidências científicas de que o convívio faz bem. A sociabilidade começa a ser construída na barriga da mãe e se expande nas fases de evolução do ser humano. A pessoa perde a identidade”, fala a especialista. Por isso, embora qualquer um possa encontrar arestas nas relações (familiar, amorosa, profissional), é importante lembrar que são elas que dão sentido à vida. A dica é treinar a resiliência, a paciência, o entendimento e até mesmo o distanciamento: boas relações são fundamentais para o bem-estar.
“EU PRESTO MAIS ATENÇÃO ÀS MINHAS EMOÇÕES POSITIVAS”
Há uma teoria na Psicologia Positiva chamada broaden and build, que entende que as emoções positivas aprimoram o repertório de ação do pensamento. “A positividade, inclusive, ativa diferentes áreas do cérebro. Enquanto sentimentos como satisfação, esperança, otimismo e entusiasmo atingem o neocortex, a negatividade de sentimentos, como medo, impotência, impaciência e frustração, ativam a amígdala”, explica. A positividade tem efeito quase de “contágio”, ou seja, um efeito cascata de melhora imediata do ambiente.
“EU EVITO FOCAR NO MEDO”
Medo é uma das emoções negativas geradas na amígdala e causa a necessidade de correr ou lutar, o que envolve sensações físicas de estresse. Flora explica que o medo foi fundamental para a sobrevivência do ser humano em tempos remotos, quando era ele que alertava sobre os perigos, mas viver sob essa influência constante gera malefícios imediatos e a longo prazo.
“DEMONSTRO GRATIDÃO PELO QUE JÁ TENHO”
A gratidão é uma das emoções positivas mais poderosas. E não se trata de apenas reconhecer o bem que o outro faz, mas de enxergar o lado positivo da vida em ações cotidianas, como simplesmente acordar, ou até em algo que, à primeira vista, seja negativo, mas que pode sempre levar ao aprendizado. “Uma visão apreciativa do mundo leva a um estilo de vida que preza o ser grato pelo o que ocorre ao redor. Implica em menos julgamento de valor e mais emoções positivas, opostas ao sentimento de depreciação por si próprio e pelo mundo, podendo levar à depressão”, explica.