Muitos pacientes respiram aliviados ao receber resultados “dentro da referência” em seus exames de rotina. Mas, segundo a endocrinologista e metabologista Elaine Dias JK, doutora pela USP, esse alívio pode ser enganoso. “Um exame aparentemente normal pode carregar indícios de inflamação ou de risco futuro”, explica a especialista. Para ela, a interpretação deve ser integrada, considerando mais do que números isolados.
Ferritina
Ao contrário do que muitos acreditam, ferritina alta não significa apenas excesso de ferro. “Ela é um marcador inflamatório. Quando está acima do ideal, é como se o corpo estivesse dando um sinal de alerta, que é silencioso”, afirma Elaine. Níveis elevados geralmente estão ligados ao acúmulo de gordura visceral, aquela presente no abdome e associada ao aumento do risco de diabetes, hipertensão e doenças cardíacas.
Insulina
Mesmo com a glicose normal, valores altos de insulina já podem indicar resistência insulínica, condição que antecede o diabetes tipo 2.
Um estudo publicado na revista BMC Cardiovascular Disorders em 2019 mostrou que alterações discretas nesse marcador estão relacionadas a maior tendência de obesidade abdominal e pressão alta.
Ácido úrico
O ácido úrico é frequentemente associado à gota, mas seus efeitos vão além das dores articulares. “Quando o ácido úrico está no seu nível elevado, também aumenta o risco de pressão alta e de doenças cardiovasculares”, destaca Elaine. Assim, sua dosagem deve ser considerada um indicador importante da saúde do coração.
Homocisteína
Pouco solicitado nos check-ups, o exame de homocisteína revela muito sobre o risco vascular. Quando em excesso, a substância pode agredir as paredes dos vasos, aumentando as chances de infarto e AVC. O problema costuma estar relacionado à deficiência de vitaminas do complexo B, especialmente B6, B9 e B12.
Gama GT
A enzima Gama GT funciona como um “termômetro” do fígado. “Quando aparece acima do ideal, pode ser sinal de sobrecarga causada pelo consumo de álcool, abuso de medicamentos ou gordura no fígado. O fígado é o pilar central no metabolismo, e qualquer sinal de estresse nele afeta o corpo inteiro”, alerta a endocrinologista.
Pesquisas recentes reforçam a importância de olhar para combinações de marcadores. Um estudo publicado em 2024 na Frontiers in Endocrinology mostrou que a relação entre triglicerídeos e apolipoproteína A1 pode ser mais eficaz na detecção da doença hepática gordurosa do que análises isoladas de colesterol ou glicose. “Não basta olhar só para o colesterol ou para a glicose, a combinação de certos marcadores pode revelar riscos que antes passavam despercebidos”, conclui Elaine.
Resumo:
A endocrinologista Elaine Dias JK alerta que alterações discretas em exames como ferritina, insulina, ácido úrico, homocisteína e Gama GT podem sinalizar riscos cardiovasculares, metabólicos e hepáticos. Avaliar os resultados de forma integrada e em conjunto com o histórico clínico é essencial para prevenir complicações de longo prazo.
Leia também:
Check up ginecológico – conheça sua importância