Já é de conhecimento geral que fumar traz sérios malefícios para a saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é, inclusive, a principal causa de morte evitável no planeta. Fora essas questões, o cigarro também é uma das causas do envelhecimento precoce.
No Dia Mundial sem Tabaco, celebrado nesta segunda-feira (31), AnaMaria Digital conversou com a dermatologista Fernanda Nichelle, que atua na área estética na Clínica MAC, para entender melhor como o cigarro faz mal para a pele. “A nicotina, princípio ativo do tabaco, aumenta a produção de radicais livres, moléculas instáveis que agridem a pele e aceleram o seu envelhecimento, atrapalhando o funcionamento natural da mesma”, explica.
Isso tudo vai deixando você mais velha por conta de uma aceleração da perda do colágeno, surgimento de rugas e linhas de expressão. Também aparecem manchas, que tornam o tom da pele irregular, levemente acinzentado, opaco e com poros mais dilatados. “Esses aspectos acontecem em toda a pele do corpo, apesar de termos a percepção maior na face, por ela estar mais exposta”, ressalta Fernanda.
Aí, para tentar recuperar um pouco de todo esse estrago, será preciso ter dinheiro. A dermatologista complementa dizendo que os tratamentos estéticos para recuperar a pele vão de laser, passando por peeling a estímulos de colágeno.
Apesar destes aspectos serem visíveis, eles vão além da questão estética. A médica dermatologista explica que o cigarro também é um fator de risco para alguns tipos de câncer de pele, já que causa mutações no DNA celular. Quer evitar que tudo isso aconteça? Então será necessário parar de fumar.
TÁ, MAS COMO?
A principal dificuldade em parar está no vício. Henrique Bottura, psiquiatra diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, explica que a nicotina cria uma dependência forte no usuário: “Tem todo um processo em que a pessoa sente um alívio curto no momento em que fuma, trazendo um conforto momentâneo, o que faz com que ela tenha uma relação de afetividade com o vício”.
O médico, que também é colaborador do ambulatório de impulsividade do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC-FMUSP), explica que todo comportamento viciante tem fases, sendo preciso ter paciência com elas. Para começar, é preciso entender que quem fuma é, sim, um viciado.
Feita essa autocrítica, é mais fácil compreender que algo precisa ser feito para mudar, visto que você já compreendeu que fumar causa problemas. Muitas vezes, porém, falta energia para esta mudança. “ Em terceiro momento, a pessoa pode buscar maneiras de parar e colocar tudo em prática”, explica Bottura. Ele ressalta que, durante essa fase de ação, aparece a abstinência, onde o paciente pode ter as temidas recaídas.
QUEM NÃO É VISTO, NÃO É LEMBRADO!
Para evitar voltar ao vício, o psiquiatra diz que depende de cada caso, mas a matriz principal é diminuir a exposição: “A pessoa precisa se expor menos ao cigarro e, para isso, é preciso que evitar os gatilhos que aparecem no dia a dia”, diz.
Isso significa que, se você é uma pessoa acostumada a sair com os amigos, que também fumam, é importante evitar esses programas em um primeiro momento, até ficar mais fácil resistir à tentação. Ou se emenda um cigarrinho com o café depois do almoço, que tal dar uma volta no quarteirão antes de fazer isso?
Parar de fumar não é fácil, mas é compensador. Bottura explica que o acompanhamento psiquiátrico é importante para a pessoa entender que é capaz de parar, trabalhando as questões que a fazem depender do cigarro e desenvolvendo o autocontrole.
“Os remédios também podem ajudar nesta questão, além de adesivos, chicletes e movimentos em grupo, tudo para encorajar a pessoa a parar com este malefício. Nada melhor que começarmos em nós, aquilo que queremos para o mundo”, aconselha o médico.