Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, divulgaram um estudo revelador: o consumo de álcool prejudica o cérebro, mesmo em pequenas quantidades. A pesquisa observacional, que analisou os hábitos de 25 mil pessoas e suas varreduras cerebrais, mostra que não há uma quantidade segura de álcool para o cérebro.
A Geração Z brasileira está atenta a isso e tem chamado a atenção por um comportamento que destoa de gerações anteriores: o consumo reduzido de álcool. Dados do Relatório Covitel, de 2023, revelam que a porcentagem de jovens de 18 a 24 anos que consomem bebidas alcoólicas três ou mais vezes por semana caiu de 10,7% antes da pandemia para 8,1% no período atual.
Esse movimento reflete uma mudança cultural que também é observada em outros países, mas no Brasil, essa queda é acompanhada por fatores como custo e preocupação com saúde mental e física.
Álcool prejudica o cérebro e causa impacto na massa cinzenta
O estudo de Oxford identificou uma relação direta entre o consumo de álcool e a redução do volume da massa cinzenta do cérebro. Essa área é responsável por processar informações e desempenha um papel crucial em funções cognitivas. Segundo Anya Topiwala, autora principal do estudo, quanto maior o consumo de álcool, menor o volume da massa cinzenta.
Embora o impacto direto do álcool na massa cinzenta tenha sido relativamente pequeno (0,8%), ele é mais significativo do que outros fatores evitáveis, como pressão alta ou obesidade. A redução do volume cerebral também está associada ao envelhecimento e pode indicar um desempenho pior em testes de memória.
Não importa o tipo de bebida, não há nível seguro de consumo!
Outra descoberta importante foi que o tipo de bebida alcoólica consumida — seja vinho, cerveja ou destilados — não altera os danos causados ao cérebro. O impacto prejudicial está relacionado à quantidade de álcool ingerida, sem níveis seguros de consumo.
Além disso, fatores como pressão alta, obesidade e consumo exagerado de álcool podem amplificar os riscos. Para Topiwala, esses achados são relevantes para a saúde pública, especialmente porque ainda não há cura para doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Outros prejuízos causados pelo álcool no organismo
Os danos do álcool não se limitam ao cérebro. Diversos estudos já alertaram sobre os efeitos prejudiciais do consumo de bebidas alcoólicas em várias áreas do corpo. Entre os problemas mais comuns estão:
- Redução do metabolismo: o álcool interfere na capacidade do corpo de processar nutrientes de forma eficiente;
- Problemas de pele: como desidratação, irritação e agravamento de condições como acne;
- Queda e quebra de cabelos: o consumo de álcool pode enfraquecer os fios, contribuindo para a queda capilar;
- Infertilidade feminina: o álcool afeta os hormônios e pode dificultar a concepção;
- Problemas intestinais: incluindo alteração da flora intestinal e dificuldade na absorção de nutrientes;
- Problemas circulatórios: o álcool aumenta o risco de pressão alta e doenças cardíacas;
- Doenças orais: maior propensão a cáries, gengivite e mau hálito.
Consumo responsável e conscientização
O estudo reforça a importância de repensar o consumo de álcool. Embora beber com moderação possa reduzir riscos como acidentes de trânsito, ele não elimina os impactos negativos para a saúde do cérebro e do organismo como um todo.
Os resultados apresentados podem servir como um alerta, destacando a necessidade de conscientização e mudanças de hábitos para prevenir danos a longo prazo e preservar a saúde física e mental.
Copo Meio Cheio: Por que a Geração Z brasileira bebe menos do que as outras?
Um estudo da consultoria Go Magenta, chamado “Copo Meio Cheio”, investigou as razões por trás da redução do consumo de álcool da Geração Z e identificou motivações particulares.
Aproximadamente 30% dos jovens dessa faixa etária apontam o medo da “ressaca moral” como um dos principais motivos para moderar o consumo.
Além disso, fatores econômicos também influenciam essa geração, que se mostra menos disposta a gastar grandes quantias em bebidas alcoólicas, diferentemente dos millennials, que ainda priorizam o consumo em eventos sociais, apesar de temerem os efeitos da ressaca física.
Essa mudança no comportamento também está associada a uma busca por estilos de vida mais saudáveis. Segundo a pesquisa, 62% dos entrevistados declararam já ter pensado em reduzir o consumo de álcool no último ano. Além disso, entre os que conhecem alguém com problemas relacionados ao álcool, 70% afirmam ter mais motivação para diminuir a ingestão. No entanto, a dificuldade de manter uma vida social ativa sem consumir bebidas alcoólicas ainda é um desafio para 34% dos entrevistados.
Marcas de bebidas também estão de olho nesse comportamento e têm investido em alternativas que atendam às novas demandas dos jovens, como drinks não alcoólicos e cervejas zero álcool.
Ao mesmo tempo, campanhas de conscientização sobre os impactos do consumo excessivo de álcool têm ganhado força. Com essa transformação, a Geração Z está moldando uma nova forma de socializar, equilibrando prazer e autocuidado de maneira mais consciente e alinhada aos seus valores.
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