“Fiz uma tomografia e quando saí disseram que acharam uma coisa pequena, e que era um início de um tumor cancerígeno”. Foi dessa forma que Ana Maria Braga anunciou, no início de janeiro, durante o programa ‘Mais Você’, que estava lutando contra um câncer no pulmão, do tipo adenocarcinoma.
Na época, a notícia pegou os fãs da apresentadora de surpresa, já que este era o terceiro tumor que ela teve em menos de cinco anos. Ana também lutou contra um câncer de pele, em 1991, e um colorretal, em 2001.
Há cerca de duas semanas, porém, a comunicadora de 70 anos voltou a falar sobre o assunto, só que desta vez, para dar uma ótima notícia: ela está curada. “Comparando do primeiro exame que eu fiz pra ontem… Sumiu tudo! Tudo!”, revelou.
CHANCES DE CURA
O oncologista Jacques Tabacof, do Grupo Oncoclínicas, afirma que somente ao longo do tempo isso poderá ser, de fato, confirmado. Ele explica que em um período curto, de meses, é possível dizer que ela está em remissão, ou seja: não há sinais de atividade da doença, mas não é possível concluir como cura.
“Cura a gente só consegue dizer se, depois de muitos anos, ela continuar curada, se essa remissão se sustentar ao longo de muito tempo”, diz.
De acordo com o especialista, é feito um exame de imagem que mostra um tumor e,no caso da apresentadora, foi realizada a imunoterapia, que é uma técnica em que o medicamento que entra pela veia vai agir para fortalecer o sistema imunológico com o intuito de que ele mesmo combata o tumor.
“Depois de dois, três meses, é feito novo exame de imagem. Caso o tumor tenha sumido, foi uma resposta completa. Caso não tenha desaparecido completamente, o que houve foi uma resposta parcial”, diz.
Tabacof, porém, garante que só é possível saber se a pessoa está curada de fato se ela mantiver esse quadro por muito tempo.
“Se tiver uma resposta completa, a chance de ela manter essa remissão por muitos anos e ficar curada é maior do que aquela que teve uma resposta parcial e, obviamente, bem melhor do que uma pessoa que não teve respostas. A qualidade da resposta tem relação, em geral, com a duração da mesma, o que pode significar cura em alguns casos”, conclui o oncologista.
ADENOCARCINOMA… MAS QUE TIPO DE CÂNCER É ESTE?
Segundo o oncologista, cerca de 40% dos cânceres de pulmão são adenocarcinomas. Este tipo específico acontece principalmente em fumantes e ex-fumantes, como é o caso de Ana Maria, mas também é o tipo mais comum em quem não faz uso dos cigarros.
“Esses tumores começam nas células que revestem os alvéolos e produzem substâncias, como o muco. É mais frequente em mulheres do que em homens, e é mais propenso a ocorrer em pessoas mais jovens do que outros tipos de câncer de pulmão”, afirma.
Ainda de acordo com o especialista, o adenocarcinoma é normalmente encontrado nas áreas externas do pulmão e tende a crescer mais lentamente do que os outros tipos de câncer de pulmão.
“É mais provável de ser diagnosticado antes de se disseminar. Os pacientes com adenocarcinoma têm um melhor prognóstico do que aqueles com outros tipos de câncer de pulmão”, explicou.
Sobre as formas de diminuir as chances de ter este tipo de tumor, Jacques chama a atenção para um dado importante: o tabagismo é diretamente relacionado ao câncer de pulmão e aumenta em aproximadamente 20 a 30 vezes o risco de desenvolver esta doença.
SINAIS DE ALERTA
A apresentadora contou que percebeu que algo não estava bem e ficou atenta aos sinais. “Só ia fazer em março o meu retorno e no Natal eu senti que alguma coisa estava acontecendo no organismo”, relatou.
Tabacof explica que, nas fases iniciais do câncer de pulmão, quando a chance de cura é maior, ele é silencioso. Ou seja, não apresenta sintomas. Já em fases mais avançadas, os sinais estão relacionados ao próprio aparelho respiratório, como tosse, falta de ar e dor no peito.
“Outros sintomas inespecíficos também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza exames por outros motivos”, alerta.
Por isso, a atenção aos primeiros sintomas é essencial para que seja realizado o diagnóstico precoce da doença.