Com a chegada das férias escolares, a rotina das crianças muda totalmente. O período, conhecido diversão e descanso, também apresenta um fator alarmante: o aumento no número de acidentes domésticos envolvendo os pequenos.
Quedas, queimaduras, intoxicações, afogamentos e lesões oculares são alguns dos problemas mais frequentes registrados nos hospitais durante o recesso escolar. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 110 mil crianças são hospitalizadas por algum desses motivos a cada ano no país.
Por outro lado, a boa notícia é que boa parte desses incidentes comuns durante as férias escolares pode ser evitada. Para isso, algumas medidas preventivas simples e supervisão constante são necessárias.
Principais tipos de acidentes e suas causas
Entre os acidentes domésticos mais comuns, destacam-se:
- Quedas: escadas e janelas desprotegidas, pisos escorregadios e objetos espalhados pelo chão são os principais vilões.
- Queimaduras: manuseio de panelas, ferros de passar e fornos ligados oferecem riscos significativos.
- Intoxicações: medicamentos e produtos de limpeza mal armazenados podem causar envenenamento acidental.
- Afogamentos: piscinas desprotegidas, baldes e banheiras representam perigo até com pequenos volumes de água.
- Cortes: objetos pontiagudos deixados ao alcance das crianças.
Além disso, lesões oculares, muitas vezes subestimadas, são frequentes em momentos de recreação e podem ter consequências graves: “Para se ter uma ideia, 50% das lesões oculares em crianças e adolescentes acontecem exatamente em momentos de recreação e prática esportiva”, diz Claudia Faria, oftalmologista do Hospital Albert Einstein.
Medidas práticas para prevenção
Supervisão constante
De acordo com a pediatra Tatiana Cicerelli, aproximadamente 90% dos acidentes poderiam ser evitados com a presença ativa de um adulto. “Brincadeiras devem ser supervisionadas. Objetos pequenos ou com pontas, por exemplo, não são adequados para crianças menores e podem causar ferimentos graves”, destaca a médica.
Ambientes seguros
- Janelas e escadas: instale grades ou redes de proteção.
- Pisos: utilize tapetes antiderrapantes em áreas molhadas, como banheiros e cozinhas.
- Piscinas: mantenha cercas de proteção e sempre supervisione o uso.
- Armazenamento adequado: Produtos de limpeza, medicamentos e utensílios cortantes devem ser guardados em locais de difícil acesso. Embalagens à prova de crianças são altamente recomendadas.
Afogamentos: atenção redobrada
Os riscos de afogamento aumentam consideravelmente durante o verão e as férias escolares, principalmente em residências com piscinas. Medidas preventivas incluem:
- Instalar cercas de proteção ao redor das piscinas.
- Nunca deixar crianças sozinhas em banheiras ou próximos a recipientes com água.
- Ensinar noções básicas de natação desde cedo.
Em casos de emergência, é essencial ter equipamentos de resgate e um telefone à disposição. A pediatra Elisabeth Fernandes, da Sociedade Brasileira de Pediatria, destaca a importância do conhecimento básico em ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
Cuidados com queimaduras e lesões oculares
A cozinha é um dos locais mais perigosos para crianças. Prefira usar as bocas traseiras do fogão, vire os cabos das panelas para dentro e limite o acesso das crianças a essa área. De volta às lesões oculares, a oftalmologista Claudia Faria alerta para o manejo adequado em situações de emergência.
- Objetos com ponta
“Se um objeto pontiagudo penetrar no olho, como um lápis ou um anzol, não tente retirar, não puxe, leve a criança para o pronto-socorro o mais rápido possível”, alerta a oftalmologista.
- Pancadas
Outros ferimentos contusos, como uma pancada ou um soco, ou cortantes (como um corte na pálpebra) devem ser examinados por um oftalmologista, segundo a Dra. Claudia. “Deve ser assim por conta da natureza grave do ferimento, que pode não ser evidente naquele momento”, explica.
- Contato com produtos químicos
“Se houver um acidente em que os olhos tiverem contato com produtos químicos, como, por exemplo, cair álcool gel no olho da criança, deve-se enxaguar abundantemente da superfície do olho com água corrente por pelo menos 10 minutos”, ensina a médica, informando que a lavagem deve seguir até que o atendimento médico chegue ao local.
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