“Tenho um tio com câncer. Os médicos dizem que não tem cura e fala em cuidados paliativos. O que seria exatamente isso? A família ficou assustada.”
Hoje, a área de cuidados paliativos é vista como uma especialidade que visa proporcionar conforto para os pacientes que estejam em situação de final de vida, com doenças incuráveis e que ofereça ameaça a vida. Como o geriatra frequentemente lida com pessoas nessa situação, também exerce o papel de dar conforto nesse momento. Além disso, existem doenças que precisam de cuidados paliativos mesmo em outras fases da vida. Dessa forma, faz-se necessário um preparo de todos os profissionais que lidam com pacientes diante desse quadro. Ou, então, um chamado “paliativista”, ou seja, alguém especializado nesse trabalho independentemente da área em que atue. O profissional, basicamente, deixa de tratar a causa do problema (que já é intratável) e passa a cuidar do sintoma responsável pelo desconforto. Dessa maneira, o paciente caminha sem sofrimento para a morte. Com o avançar da medicina, podemos prolongar a vida até mesmo em condições muito extremas. Porém, há um sofrimento e desgaste enormes para o paciente e entes queridos. Próximo do fim, é natural sentir mais medo de o que os médicos podem fazer para prolongar a vida do que, necessariamente, da morte em si. Vale a reflexão e diálogo com o médico em situações como essa.
Brasil na lanterninha
De acordo com um relatório produzido pela Organização Mundial da Saúde em 2014, o Brasil avança a passos lentos na
questão dos cuidados paliativos. Como funcionou esta medição: os países foram classificados em quatro grupos de acordo com o nível de desenvolvimento do cuidado paliativo, sendo 1 o pior e 4 o melhor. O Brasil ficou no grupo 3. O que isso significa? Há poucas unidades de assistência no país e que a distribuição de morfina é limitada. A OMS estima que, no Brasil, cerca de 536 mil pessoas precisam de cuidados paliativos.
Dr. Paulo Camiz é geriatra e professor da Faculdade de Medicina da USP. É também idealizador do projeto “Mente Turbinada”, que desenvolve exercícios para o cérebro. Para ler outros artigos escritos por ele, acesse ogeriatra.com.br