Se um incômodo nas costas ou na cabeça já é capaz de afastar muita gente dos seus afazeres, imagine sofrer com dores em diferentes partes do corpo? Para piorar, esse sintoma pode se estender por dias, meses… Tudo isso sem que a pessoa encontre um alívio nos analgésicos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a fibromialgia atinge até 3% da população brasileira. E, como não é possível detectá-la através de exames, a descoberta depende da conversa entre médico e paciente. Uma vez que o especialista desconfie da síndrome, a investigação deve começar a fim de descartar o risco de outras doenças, que apresentam sinais semelhantes.
Pacote de sintomas
“Quem sofre de fibromialgia apresenta uma dor difusa pelo corpo”, sinaliza Ana Beatriz Cordeiro de Azevedo, reumatologista da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo. É comum que o paciente não consiga explicar exatamente onde o incômodo se localiza: se é nos músculos, nos ossos, nas juntas… Essas dores são contínuas e vêm acompanhadas de cansaço. É como se, mesmo depois de uma noite de sono, a pessoa acordasse se sentindo exausta. As dores podem ser tanto espontâneas quanto desencadeadas pelo toque (como um abraço mais apertado e às vezes até uma carícia). Além disso, também podem surgir: dificuldade para dormir, formigamento, dormência, câimbra e ardor para urinar. Os hábitos intestinais podem ser afetados, alternando entre intestino preso ou solto demais.
Grupo de risco
Mulheres são mais atingidas do que homens. A síndrome costuma surgir entre 30 e 55 anos. No entanto, também pode acometer crianças ou pessoas mais velhas.
Causas não definidas
A ciência ainda não conseguiu precisar por que a fibromialgia acontece. No entanto, alguns estudos mostram que os pacientes que sofrem com o problema apresentam uma sensibilidade maior à dor. A origem disso está no cérebro: é ele que reage de maneira exagerada aos estímulos, ativando todo o sistema nervoso, fazendo com que a pessoa sinta mais do que o necessário. “Também é sabido que a síndrome pode ser desencadeada depois de eventos graves, como um acidente ou um trauma psicológico”, complementa a especialista. Há ainda outros fatores que podem contribuir para as crises, entre eles situações estressantes, infecções ou exposições ao frio.
Paciência para o diagnóstico
Imagine sofrer de dores intensas, ir ao médico, se submeter a diversos exames… E na hora de receber o diagnóstico, escutar que os resultados estão normais. Como a fibromialgia é detectada apenas clinicamente (ou seja, através da consulta com o médico), é isso o que acontece com a maior parte dos pacientes. Uma vez que o especialista desconfie da síndrome, ainda é necessário se submeter a mais alguns exames para descartar outras doenças com sinais parecidos, como o hipotireoidismo.
Ela está associada à depressão?
Acredita-se que metade dos pacientes diagnosticados com a síndrome sofra de depressão. “Como no sistema nervoso central alguns neurotransmissores são responsáveis tanto pela dor quanto pelo humor, essa ligação pode ocorrer”, explica Ana Beatriz. No entanto, ambas são condições distintas. A ansiedade também pode estar presente, piorando o quadro. Neste caso, é necessário tratar de cada uma das condições para que o paciente possa se sentir melhor.
É preciso se mexer!
O tratamento é feito, geralmente, com anti-inflamatórios, relaxantes musculares ou antidepressivos em doses baixas. “No entanto, é muito
importante fazer atividade física, respeitando os limites do corpo”, ressalta a reumatologista. Caminhada ou hidroginástica são boas opções.
Além disso, muitos pacientes relatam melhoras por meio de terapias alternativas, como a acupuntura. Converse com seu médico.
Qualquer pessoa está sujeita!
Recentemente, a cantora Lady Gaga precisou cancelar sua participação no festival de música Rock in Rio porque estava sofrendo com fortes dores devido a esta síndrome. Ela preferiu ficar um tempo longe dos palcos para poder cuidar do seu corpo.