Leprosos. Assim eram conhecidas as pessoas que sofriam de hanseníase. No país, o termo Lepra e seus adjetivos passaram a ser proibidos após uma lei ser aprovada em 29 de março de 1995, na época do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
A ideia do Ministério da Saúde era tentar acabar com o estigma dos portadores.
Por mais que seja uma doença antiga, os casos no país e no mundo ainda são muitos, o que ressalta a importância do problema na saúde pública brasileira.
E quanto mais cedo for tratada, maiores são as chances de seu portador não ter qualquer tipo de sequela. Por isso, AnaMaria Digital separou as sete principais dúvidas sobre a doença.
1 – O QUE É HANSENÍASE?
Trata-se de uma doença infecciosa e contagiosa, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, uma bactéria capaz de afetar a pele e os nervos periféricos.
Sua presença pode diminuir a sensibilidade e ocasionar sérias lesões. Além disso, seu poder incapacitante resulta no estigma e discriminação às pessoas atingidas.
2 – COMO SE PEGA?
A transmissão acontece através do contato próximo e contínuo com o paciente não tratado, especialmente por meio de gotículas que saem do nariz, ou através da saliva do paciente. Ao penetrar no organismo, a bactéria inicia uma luta com o sistema imunológico da pessoa. De acordo com o Ministério da Saúde, sua evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa infectada.
Mas vale ressaltar que, apesar de ser transmissível, a taxa de contágio é baixa. “O contato precisa ser prolongado, com a pessoa convivendo com o paciente no mesmo ambiente, além de ter uma genética semelhante, de suscetibilidade”, explica o dermatologista e hansenologista Jaison Barreto, do Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL), em Bauru (SP), que é referência no tratamento da doença.
3 – COMO RECONHECER SE TENHO HANSENÍASE?
O período em que a bactéria fica escondida ou adormecida no organismo é prolongado, e pode variar de dois a sete anos. Os principais sintomas são notados na pele. O Ministério da Saúde listou alguns deles. Caso perceba qualquer um, procure ajuda médica.
- Áreas da pele com manchas esbranquiçadas, acastanhadas ou avermelhadas, com alteração na sensibilidade;
- Pápulas, nódulos (caroços), diminuição ou queda de pelos em algumas áreas do corpo, especialmente nas sobrancelhas;
- Diminuição ou ausência de suor em áreas específicas do corpo;
- Queixa de formigamentos, choques nos braços e nas pernas, que podem evoluir para dormência nas mãos e nos pés, principalmente.
4 – EXISTEM SINTOMAS QUE NÃO APARECEM NA PELE?
Apesar de serem mais evidentes, alguns sinais podem indicar a presença da doença quando associados aos apresentados anteriormente.
- Febre, edemas e dor nas juntas;
- Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz;
- Ressecamento nos olhos.
5 – QUEM TEM HANSENÍASE VAI TER SEQUELAS PELA FALTA DE TRATAMENTO?
Muitas vezes confundidas com a evolução do quadro clínico, as consequências da hanseníase dependem da imunidade do paciente. A maioria das complicações são causadas por lesões neurais e não tratadas de forma precoce.
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), a falta de tratamento pode ocasionar em ferimentos nas mãos; olhos podem não fechar; queda dos cílios; rugas acentuadas; extremidades paralisadas; entre outros.
6 – HANSENÍASE TEM CURA?
Sim! A condição tem tratamento e, se for realizado de forma completa e correta, a cura é praticamente garantida. Além disso, o paciente já não transmite mais a doença logo após iniciar com a medicação.
Vale reforçar que existem diferentes tipos de hanseníase e que a terapêutica adequade sempre deve ser indicada por um médico.
7 – MUITA GENTE NO BRASIL TEM A DOENÇA?
Dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em agosto de 2018, apontam que de 210.671 casos novos de hanseníase no mundo, a Índia foi o país onde ocorreram mais casos, com 126.164 (59,9%). Já o Brasil ficou na 2ª posição, com 26.875 (12,7%). A pesquisa coletou informações de 150 países e territórios.
Ainda sobre território brasileiro, foram descobertos 28.657 casos durante 2018 inteiro, segundo o Ministério da Saúde. Dois anos antes, registrou-se 25.214. Ou seja: após mais de uma década de números em queda, houve um crescimento de 14% no número de notificações.
SAIBA MAIS SOBRE O ASSUNTO
O documentário “Hanseníase Hoje e Sempre”, produzido pela Editora Caras com o apoio do Facebook Journalism Project e do ICFJ – Internacional Center for Journalists, traz relatos de médicos e pacientes, tanto da época em que a internação era compulsória, quanto de hoje em dia.
Confira o documentário:
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