Transtornos alimentares vêm crescendo entre crianças e adolescentes, muitas vezes de forma silenciosa. Dados da Associação Médica Norte-Americana, publicados em 2023, mostram que uma em cada três meninas e um em cada cinco meninos no mundo apresentam distúrbios alimentares.
A vulnerabilidade é ampliada pelo ambiente digital: o Panorama da Saúde Mental 2024 indica que adolescentes com maior tempo de exposição às redes sociais têm risco aumentado de ansiedade, depressão e insatisfação corporal.
Sinais que merecem atenção
A HQ Comendo com medo (Principis), da artista Elisabeth Karin Pavón Rymer-Rythén, retrata em primeira pessoa sua experiência com a anorexia e traduz em imagens e metáforas os “monstros” que tomam conta da mente e ditam regras sobre o corpo. A seguir, alguns sinais retratados que merecem atenção:
Comentários constantes sobre corpo e peso
Na obra, Elisabeth sente a pressão de se enquadrar em padrões irreais. Quando jovens começam a se comparar o tempo todo ou a expressar insatisfação persistente com a própria aparência, o alerta deve ser levado a sério.
Mudanças drásticas nos hábitos alimentares
Pular refeições, recusar alimentos ou controlar calorias de forma obsessiva são indícios de que algo não vai bem. Tal como a protagonista, muitos criam “regras” rígidas sobre o que podem ou não comer, o que pode evoluir para restrições perigosas.
Isolamento social
O afastamento de amigos, a recusa em participar de festas ou refeições em grupo e a solidão frequente podem ser reflexo de sofrimento interno. Elisabeth mostra na narrativa como a troca de escola e o isolamento abriram espaço para a doença avançar.
Exercícios físicos em excesso
A HQ apresenta o “monstro Nore”, figura simbólica que exige esforço físico constante. Essa personificação revela como a prática de exercícios pode se tornar compulsiva, mesmo sem prazer ou quando o corpo pede descanso.
Alterações físicas e emocionais
Queda no rendimento escolar, fadiga intensa, irritabilidade e baixa autoestima são sintomas relatados pela autora e comuns em quadros de transtornos alimentares. Mudanças assim devem ser observadas de perto por pais e educadores.
A importância do diálogo e da rede de apoio
Premiada internacionalmente, Comendo com medo recebeu o Nadine 2020 e foi reconhecida como melhor HQ juvenil na Comic Barcelona 2023. Ao narrar sua experiência com a anorexia, Elisabeth Pavón não apenas dá voz a um tema delicado, mas também mostra que enfrentar os “monstros” exige acolhimento, acompanhamento profissional e o fortalecimento de vínculos com familiares, amigos e professores.
Resumo:
Transtornos alimentares afetam milhões de jovens em todo o mundo e podem se manifestar em sinais discretos, como isolamento social e mudanças na alimentação.
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