O colesterol alto é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, que seguem como a maior causa de mortes no Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, essas doenças somam mais de 350 mil óbitos por ano, número que reforça a importância da prevenção. No Dia Nacional de Combate ao Colesterol, celebrado em 8 de agosto, especialistas destacam o impacto silencioso da condição e o papel dos hábitos saudáveis no controle dos níveis de gordura no sangue.
Colesterol alterado atinge um terço dos adultos
Um levantamento da Pesquisa Nacional de Saúde apontou que cerca de 32,7% da população adulta brasileira apresenta colesterol total elevado (acima de 200 mg/dL). A prevalência é ainda maior entre as mulheres, chegando a 35,1%. O colesterol LDL, conhecido como “colesterol ruim”, aparece alterado em 18,6% da população, com destaque novamente para o sexo feminino (19,9%).
Outro dado que chama atenção é a incidência entre os mais jovens. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais revelou que 27% das crianças e adolescentes têm colesterol alto, e aproximadamente 1 em cada 5 apresenta o LDL acima do ideal.
Embora o colesterol seja uma substância essencial para funções vitais do corpo, como a produção de hormônios e a formação de células, o excesso pode provocar o acúmulo de placas nas artérias e aumentar o risco de infarto e AVC.
Cresce o interesse por informações sobre colesterol
Entre o segundo semestre de 2024 e os primeiros sete meses de 2025, a busca pelo termo “colesterol” duplicou, segundo dados da Doctoralia. “Os termos mais buscados como ‘colesterol alto’ e ‘hipercolesterolemia’ também são os que geram maior volume de cliques em perfis médicos”, destaca Flávia Soccol, Head de Patient Care da plataforma.
As perguntas mais comuns feitas por pacientes tratam de alimentação, medicamentos e tempo necessário para que os tratamentos apresentem resultados. Entre os temas recorrentes estão dúvidas sobre o consumo de ovos, arroz branco, interpretação de exames e efeitos da sinvastatina.
Para o cardiologista Mozar Suzigan, médico parceiro da Doctoralia, o controle do colesterol deve ser uma prioridade em todas as idades. “Pequenas mudanças de hábitos trazem benefícios duradouros”, afirma.
5 dicas para controlar o colesterol
Confira recomendações práticas para manter os níveis de colesterol sob controle:
- Cuide da alimentação
Dê preferência a frutas, verduras, legumes e grãos integrais. Reduza o consumo de gorduras saturadas (como frituras, embutidos e carnes gordurosas), limite o açúcar e evite alimentos ultraprocessados. - Pratique exercícios físicos
A atividade física regular ajuda a aumentar o HDL (colesterol bom), além de controlar o peso corporal e reduzir os riscos cardiovasculares. - Mantenha um peso saudável
O excesso de peso está diretamente ligado ao aumento do colesterol ruim. Mesmo pequenas reduções de peso já trazem benefícios significativos. - Evite tabaco e álcool em excesso
Fumar e consumir álcool em grandes quantidades altera o perfil lipídico e agrava o risco de doenças cardíacas. - Faça exames regularmente
O colesterol alto não costuma apresentar sintomas. Por isso, o acompanhamento médico é essencial para detectar alterações precocemente e iniciar o tratamento adequado.
“O controle do colesterol é um dos pilares da saúde cardiovascular e deve ser prioridade em todas as idades”, reforça Mozar.
Novidades no tratamento do colesterol
Nos últimos anos, novas opções de tratamento surgiram para ampliar o controle da hipercolesterolemia, especialmente em pacientes que não respondem bem às estatinas tradicionais. Entre os destaques estão os medicamentos injetáveis como o inclisirana, aprovado pela Anvisa, e os inibidores da proteína PCSK9, já disponíveis no Brasil.
O inclisirana age reduzindo a produção de uma proteína que impede a eliminação do colesterol LDL da corrente sanguínea. “Todo adulto deve saber os seus valores de colesterol, apolipoproteína B e lipoproteína A. E, conhecendo esses números, vai, juntamente com o seu médico, entender o quanto precisa controlar”, explica Mozar.
Outra inovação é o ácido bempedoico, medicamento oral que inibe a enzima responsável pela produção de colesterol no fígado. Ele é indicado para pacientes que não toleram estatinas ou precisam de um reforço adicional na terapia.
“Essas medicações são indicadas principalmente para casos em que o paciente apresenta alta resistência ao tratamento convencional, é intolerante às estatinas e ezetimiba, ou mantém níveis elevados de colesterol apesar das terapias padrão”, afirma o cardiologista.
Embora eficazes, as medicações injetáveis ainda são caras e voltadas a perfis específicos de pacientes. Mesmo assim, representam uma nova era no tratamento da hipercolesterolemia. “Essas inovações podem mudar muito a maneira dos pacientes verem o tratamento e facilitar muito a adesão ao controle do colesterol”, conclui Mozar.
Resumo:
O colesterol alto afeta cerca de um terço dos adultos no Brasil e está ligado a doenças cardiovasculares graves. Adotar hábitos saudáveis e realizar exames periódicos são essenciais para manter o problema sob controle. Novas medicações também ampliam as possibilidades de tratamento, especialmente em casos mais complexos.
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