Um mutirão de cirurgia de catarata, realizado em 21 de outubro de 2024, resultou em graves complicações para 12 pacientes da cidade de Taquaritinga (SP). Os indivíduos apresentaram sequelas significativas, incluindo perda parcial ou total da visão no olho operado, dores intensas, vermelhidão e até infecções severas que colocam em risco a integridade do globo ocular.
Os procedimentos foram realizados no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME) da cidade. O AME é gerido pelo Grupo Santa Casa de Franca, uma Organização Social de Saúde (OSS) que atua sob contrato com o governo estadual.
Diante da gravidade da situação, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) iniciou uma investigação minuciosa para apurar as circunstâncias envolvendo as cirurgias. Os relatos dos pacientes indicam que muitos não estavam cientes de que se tratava de um mutirão e aguardavam há anos pela realização do procedimento.
Após a cirurgia de catarata, os pacientes começaram a relatar dores agudas e problemas visuais logo no pós-operatório imediato. Em consultas realizadas no dia seguinte à cirurgia, a maioria percebeu uma piora na visão, mas foram informados pelos profissionais de saúde que isso era parte do processo normal de recuperação e que estariam completamente recuperados em um período de até três meses.
Com o agravamento das condições de saúde, muitos pacientes foram encaminhados para centros especializados em oftalmologia, como o Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto e a Santa Casa de Araraquara. Alguns deles receberam diagnósticos que apontavam a irreversibilidade das lesões.
O que é cirurgia de catarata?
O procedimento visa remover um cristalino opaco e substituí-lo por uma lente artificial. Complicações graves são incomuns nesse tipo de procedimento, embora possam ocorrer infecções ou o uso inadequado de substâncias durante a cirurgia.
O que diz o governo do Estado?
A Secretaria Estadual de Saúde tomou conhecimento dos casos apenas em janeiro deste ano. Em resposta ao ocorrido, o Grupo Santa Casa de Franca instaurou uma sindicância interna e identificou falhas nos protocolos assistenciais específicos do dia em questão. A instituição afastou todos os profissionais envolvidos nas cirurgias problemáticas e implementou medidas corretivas para garantir a segurança dos pacientes.
Enquanto isso, os pacientes afetados buscam esclarecimentos sobre os erros ocorridos e já começaram ações judiciais visando compensações pelos danos sofridos. A Secretaria Municipal de Saúde confirmou irregularidades na sala de esterilização do AME, levando à interdição do espaço e suspensão das cirurgias.
Em um pronunciamento recente, o governador Tarcísio de Freitas classificou o incidente como “pontual” e assegurou que a OSS responsável será responsabilizada. Ele também mencionou que o governo está avaliando formas de indenização às vítimas afetadas pela situação.
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