Uma das frases mais ditas por participantes de realities show ao estilo do ‘Big Brother Brasil’ é: “Aqui é uma coisa, fora da casa é outra totalmente diferente.”
Mas será isso mesmo? Ou as pessoas são apenas o que são e ponto, independentemente do local em que estão? Até onde se deve ultrapassar os limites para se ter visibilidade e se tornar uma pessoa famosa?
O ‘Big Brother Brasil‘, assim como qualquer outro reality de confinamento, é parte de um recorte da sociedade e do que vivemos aqui fora. Contudo, sem câmeras ou aquela sensação de estar sendo vigiado o tempo todo.
Essa edição, em especial, deixou os ânimos à flor da pele, com muitas intrigas, barracos, pressão psicológica e até desistência.
INTENSIDADE
Para entender um pouco esse comportamento dos confinados, fui conversar com duas psicólogas para compreender o que passa na cabeça dos brothers dessa edição.
Marly Cunha, que também é mediadora de conflitos e expositora de oficinas de parentalidade do Conselho Nacional de Justiça, observou pontos importantes no comportamento dos participantes. “Houveram episódios marcantes de intolerância ao outro e à identidade dos participantes do BBB21 onde percebemos o quanto o confinamento pode intensificar um comportamento inadequado”, afirmou.
A emoção foi tamanha e a crueldade também, que até mesmo o apresentador do programa, Tiago Leifert, fez sua colocação contra a postura dos participantes.
CLOSE ERRADO
Todos odiaram um dos grupos formados na casa, tanto que o participante Nego Di saiu com incríveis 98,76% de rejeição. O número foi superado logo na semana seguinte pela cantora Karol Conká, com 99,17% de votos pedindo por sua saída do reality.
Isso mostra o quanto o programa, além dos participantes, está afetando o próprio público, ao ponto deste não querer mais ver “o circo pegar fogo”. A minha impressão é que o entretenimento deu lugar a ojeriza.
E, com tanto climão, acabamos tendo a saída de duas pessoas que usaram abertamente o discurso racial como bandeira, sem considerar as posturas radicais com as quais estavam abordando o tema.
Sim, porque havia a esperança de que tantos participantes negros chamassem atenção para a causa racial de maneira positiva. O que tivemos (e ainda temos), porém, são pessoas pegando o tema e manchando com discursos ofensivos e drásticos que pouco representam.
Já a psicóloga Ellen Senra, especialista em TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) e Educação Emocional Positiva, lembrou que, se esse comportamento é estratégia ou a realidade externa dos participantes, somente quem convive fora da casa poderá dizer.
“Se tem uma edição em que a expressão ‘descompensados emocionalmente’ define os brothers, então é essa. Fomos de exclusão massiva até agressões verbais e deboche em um piscar de olhos, algo tão intenso e tão rápido que nem mesmo as mudanças das câmeras, ligadas 24 horas, davam conta, mas esse comportamento não representa a maioria em suas posturas individualistas e severamente julgadoras, isso posso dizer sem medo de errar”, conclui.
JAIRO RODRIGUES é jornalista e crítico de TV. Participou dos programas ‘A Tarde É Show’, na Rede Brasil de Televisão, ‘Olga’ na RedeTv! e ‘Saúde & Você’ na Record News. Na Revista Ana Maria fala sobre bastidores da TV e famosos. Instagram: @jairorodriguesoficial