Quando uma morte acontece em outro país, trazer o corpo de volta ao Brasil exige um processo chamado traslado de corpo. Mas, ao contrário do que muitos pensam, isso vai muito além da compra de uma passagem aérea.
Estamos falando de um procedimento internacional, que inclui uma série de documentos legais, embalsamamento obrigatório, caixão específico e várias taxas cobradas pelos dois países envolvidos. O custo, claro, acompanha esse nível de exigência.
Foi exatamente o que ocorreu com Juliana Marins, a brasileira que morreu na Indonésia ao cair em uma trilha no Monte Rinjani. O valor estimado para o traslado do corpo até o Brasil ficou em R$ 55 mil – uma quantia que pode dobrar dependendo das circunstâncias.
O que está incluído nesse valor?
Os itens obrigatórios num traslado internacional ajudam a explicar o alto custo. Começa pela documentação: é necessário emitir laudos oficiais, obter autorização para transporte internacional de restos mortais e ainda pagar por traduções juramentadas.
Além disso, o corpo precisa ser embalsamado (uma exigência sanitária), colocado em um caixão hermético com proteção extra e liberado por autoridades consulares e sanitárias.
Depois disso, entram as taxas de aeroportos e o custo do transporte aéreo até o Brasil. Tudo isso precisa ser gerenciado por funerárias dos dois países, que cobram honorários pelos serviços prestados. Ou seja: o valor final pode mesmo ultrapassar os R$ 100 mil, principalmente quando o óbito ocorre em locais distantes, como o Sudeste Asiático.
A família precisa resolver tudo sozinha?
Geralmente, sim. O Itamaraty presta apoio burocrático, mas não se responsabiliza pelos custos. Isso significa que a própria família precisa acionar uma funerária local no país onde ocorreu o falecimento, iniciar o processo e arcar com os gastos.
Quando o corpo chega ao Brasil, outra funerária assume e dá continuidade ao serviço até o sepultamento ou cremação.
Foi o que teria acontecido com a família de Juliana Marins, se a Prefeitura de Niterói não tivesse se mobilizado. Diante da repercussão do caso, o município decidiu custear o processo. E, posteriormente, o governo federal publicou um decreto autorizando que, em casos específicos, o Ministério das Relações Exteriores ajude a pagar o traslado de corpo.
A comoção pública fez diferença?
Fez toda a diferença. A história de Juliana Marins, a brasileira que morreu na Indonésia, circulou rapidamente pelas redes sociais e gerou uma grande onda de solidariedade.
Amigos, familiares e até desconhecidos se mobilizaram para ajudar, o que chamou a atenção da imprensa e, em seguida, das autoridades. Por isso, tanto a prefeitura quanto o governo federal decidiram atuar.
Casos como esse não são regra. A maioria das famílias enfrenta esse tipo de despesa sem apoio público, o que pode gerar dívidas inesperadas ou até a impossibilidade de trazer o corpo de volta.
Qual seria o custo se a morte fosse em um país mais próximo?
Se o falecimento tivesse ocorrido na América do Sul ou mesmo nos Estados Unidos, o valor do traslado cairia bastante. Especialistas apontam que o custo para trazer um corpo do exterior pode ficar entre R$ 30 mil e R$ 40 mil em casos mais simples.
Ainda assim, não é pouca coisa. Por isso, muitas famílias buscam alternativas como seguros de viagem com cobertura para repatriação, especialmente quando a pessoa viaja para destinos de risco ou por longos períodos.
O seguro-viagem, geralmente adquirido em casos de viagens longas, também costuma cobrir esse gasto. Verifique sempre a apólice do seu.
Resumo:
O traslado de corpo de um país distante, como no caso de Juliana Marins, a brasileira que morreu na Indonésia, pode custar de R$ 55 mil a R$ 110 mil. O processo envolve várias etapas legais, sanitárias e logísticas. Embora o apoio do governo seja raro, a comoção pública no caso de Juliana permitiu que a Prefeitura de Niterói assumisse os custos.