O Espiritismo vai Acabar?
A que Conclusão chegar em razão do senso de 2022
Recentes análises decorrentes do detalhamento do Senso 2022, realizado pelo IBGE, dão conta que dos segmentos religiosos constantes da pesquisa, o espiritismo apresentou significativa queda de adeptos declarados, caindo de 2.2 para 1.8% da população brasileira em um período de 12 anos, ficando hoje com algo em torno de 3.2 milhão de pessoas.
Tais resultados causaram um certo alvoroço no meio, o que fez com que vários divulgadores espíritas, por conta própria, já que não há uma hierarquia estabelecida no Movimento, divulgassem vídeos com uma série de críticas à condução das atividades das Casas, acentuando a questão da evasão dos jovens, diretamente ligada, segundo alguns deles, ao excesso de sisudez, formalidade e ao envelhecimento dos atuais dirigentes que não se adaptaram aos novos tempos, mantendo, inclusive, uma linguagem de difícil compreensão e pouco atraente.
Fala-se no impedimento da participação mais ativa dos jovens na direção dos Centros e mesmo nos trabalhos rotineiros, na quase inexistência de atividades artísticas e culturais, na restrição a temas que hoje dominam o debate público, como diversidade sexual, drogas etc, enfim: alegam que o Espiritismo envelheceu e, se continuar assim, vai desaparecer.
Quero dizer que não concordo com a maior parte dessas análises, primeiro, porque esse número de adeptos não contempla os simpatizantes, pois esse segmento, por ter ligações sociais e familiares com outras religiões, prefere ocultar a inclinação pelo espiritismo; depois, uma pesquisa mais profunda detecta que essa porcentagem permanece a mesma há muitos anos, com oscilações para mais ou para menos, sem maiores impactos.
Quanto ao envelhecimento, entendo ser parcialmente verdadeiro, mas não creio que para atrair jovens devamos flexibilizar conceitos e valores, apenas para parecer mais modernos.
A obra de Kardec, que alguns têm a audácia de desejar “atualizar”, não foi escrita por um homem preso aos seus valores pessoais, vinculados a determinada época, mas ditada pelos espíritos superiores, cuja visão transcende os séculos, como o Evangelho, que mesmo após mais de dois mil anos, continua atualíssimo!
Tudo que há de moderno na sociedade deve ser acolhido e respeitado, especialmente pelo conceito sagrado do livre-arbítrio e pela orientação pétrea de não julgar, porém as Leis de Deus continuam as mesmas e cada um vive conforme seu entendimento pessoal, assumindo as consequências, o que não nos exime de entender que o esforço, a disciplina, a contenção, a caridade e o amor ao próximo são ferramentas indispensáveis para o progresso espiritual, que jamais será alcançado sem que se priorize o espírito que somos e os valores que o nutrem, em detrimento dos apelos da matéria, que hoje monopolizam os anseios humanos.
Quanto à frequência de jovens, os Centros Espíritas devem sim incentivar a participação deles em eventos, atividades doutrinárias, palestras e tudo o mais, mas é bom que se diga que muito disso começa no empenho dos pais que devem conduzir seus filhos às atividades de evangelização infantil desde os primeiros anos, para que eles entendam que a religião faz parte da formação do caráter e é tão importante quanto a escola convencional, que os pais jamais negligenciam, ou as salas de aula também estão esvaziando? É bom refletirmos sobre isso.
E se mesmo assim o Espiritismo acabar? Não nos preocupemos! Seus postulados aos poucos serão absorvidos pelo comportamento humano religioso ou não, pois não se trata da opinião de Kardec ou de quem quer que seja: trata-se do descortinamento sem preconceitos das Leis que regem o universo, e isso não acabará jamais.
Edson Sardano