O Rio de Janeiro amanheceu em clima de guerra nesta terça-feira (28), após uma das maiores e mais letais operações policiais da história do estado. A ação, chamada Operação Contenção, mobilizou mais de 2,5 mil agentes em comunidades da Zona Norte, principalmente nos complexos do Alemão e da Penha, para prender cerca de 100 traficantes ligados à facção Comando Vermelho (CV).
De acordo com o governo fluminense, o confronto pode ter resultado em mais de 100 mortes, entre elas quatro policiais, e 81 prisões. A operação é parte de uma estratégia permanente para conter o avanço do tráfico e retomar o controle de territórios dominados por facções criminosas.
O que está acontecendo no Rio de Janeiro
Durante a ação, criminosos fortemente armados usaram drones para lançar granadas contra os policiais, além de bloquear vias importantes da cidade, como a Avenida Brasil e as linhas Vermelha e Amarela, utilizando ônibus e caminhões. A ofensiva levou ao fechamento de escolas públicas, universidades e centros comerciais, e 120 linhas de ônibus tiveram trajetos alterados.
O governador Cláudio Castro (PL) classificou o episódio como uma demonstração do nível de enfrentamento vivido na capital fluminense. “A polícia do Rio de Janeiro é recebida com bombas lançadas por drones. Não é mais crime comum, é narcoterrorismo”, declarou.
O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que a operação foi planejada por dois meses e que o objetivo é restabelecer a ordem em uma área de cerca de 9 milhões de metros quadrados, onde vivem 280 mil pessoas. “Lamentamos profundamente as vítimas, mas essa é uma ação necessária, planejada e que vai continuar”, disse o secretário em entrevista à TV Globo.
Prisões e apreensões
Entre os detidos está Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, um dos chefes do Comando Vermelho. Também foi preso Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão do Quitungo”, identificado como líder da comunidade de mesmo nome, na Penha.
A polícia apreendeu armas, motocicletas e rádios comunicadores usados pelos criminosos. Segundo as autoridades, o principal objetivo da operação é capturar lideranças da facção no Rio e em outros estados, como o Pará, e impedir a expansão territorial do grupo.
Parte dos criminosos teria escapado por trilhas em áreas de mata na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Um drone da polícia registrou o momento da fuga. O governo investiga se houve vazamento de informações sobre a operação.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que cinco unidades de atenção primária não abriram e outras suspenderam atendimentos domiciliares. Já a Secretaria de Educação confirmou o fechamento de 28 escolas no Alemão, 17 na Penha e um colégio estadual.
Governo do RJ X Governo Federal
O governador Cláudio Castro afirmou que o governo federal se recusou a enviar reforços para a operação. Em resposta, o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou uma nota negando a acusação e afirmando que tem atendido a todos os pedidos do estado com o envio da Força Nacional. “O ministério permanece empenhado em assegurar resultados efetivos e contribuir para a preservação da ordem pública no Rio de Janeiro”, declarou a pasta.
Esta é considerada a operação mais letal já registrada no Rio de Janeiro, superando a do Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 mortos. O governo estadual afirmou que a ação faz parte de um plano de combate permanente ao crime organizado, que será levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para aprovação.
Com helicópteros, blindados e unidades especializadas da Polícia Civil e Militar, a megaoperação marca um novo capítulo no enfrentamento ao tráfico, mas também reacende o debate sobre o impacto das ações de segurança pública nas comunidades.
Resumo:
O Rio de Janeiro vive uma das maiores operações policiais de sua história, com 64 mortos e 81 presos em confronto entre forças de segurança e o Comando Vermelho. A ação, batizada de Operação Contenção, tenta conter a expansão da facção e retomar áreas dominadas pelo tráfico, mas expõe a escalada da violência e a crise de segurança no estado.
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