O governo dos Estados Unidos deu início a um programa-piloto que pode impactar diretamente quem pretende visitar o país a turismo, negócios ou tratamento médico. A nova regra, anunciada pelo Departamento de Estado, determina que cidadãos de países com altas taxas de permanência irregular poderão ser obrigados a pagar uma caução para visto que varia de US$ 5 mil a US$ 15 mil (o equivalente a até R$ 82 mil).
Por ora, apenas Zâmbia e Malaui estão na lista. O Brasil, até o momento, ficou de fora. A medida, no entanto, pode se estender a outros países conforme o andamento do projeto.
A intenção da iniciativa, de acordo com as autoridades americanas, é desencorajar a permanência ilegal nos Estados Unidos após o vencimento do visto. O valor pago será devolvido apenas se o visitante deixar o país dentro do prazo permitido.
Visto americano: como funciona a nova medida
A regra vale para os vistos B-1 e B-2, que permitem entrada nos EUA para negócios temporários, como participação em reuniões e conferências, além de turismo e tratamentos médicos. De acordo com o governo, os critérios para escolha dos países envolvem altos índices de estadias irregulares e dificuldades no compartilhamento de dados de verificação entre os governos.
A previsão é que o programa tenha duração de 12 meses, com possibilidade de ajustes na lista de países a qualquer momento, desde que haja um aviso com pelo menos 15 dias de antecedência. A expectativa é que os valores de caução mais comuns fiquem entre US$ 10 mil e US$ 15 mil.
Essa não é a primeira vez que o governo americano tenta implementar esse tipo de controle. Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, uma proposta semelhante foi suspensa diante da queda global nas viagens internacionais.
Visto americano pode ficar ainda mais seletivo com o Gold Card
Enquanto impõe restrições a alguns países, os EUA também lançaram recentemente uma opção voltada para investidores estrangeiros: o Gold Card (ou Cartão Dourado). O documento exige um investimento de US$ 5 milhões — cerca de R$ 30 milhões — e abre caminho para a cidadania americana.
Segundo o presidente Donald Trump, o objetivo é atrair imigrantes com alto poder de investimento e qualificação profissional. O novo modelo deve substituir o antigo EB-5, que permitia a residência permanente com valores mais baixos. O Cartão Dourado oferece vantagens maiores que o tradicional Green Card e, segundo o governo, poderá ser solicitado diretamente no site da Secretaria de Comércio dos EUA.
Caução e investimento: dois lados da política migratória
A combinação da caução para visto com a criação do Gold Card revela uma estratégia clara do governo americano: dificultar a entrada de quem não comprova vínculo com o país e, ao mesmo tempo, facilitar o caminho de quem pode investir grandes quantias.
Ainda assim, especialistas e governos europeus já alertaram sobre riscos envolvendo programas semelhantes, como lavagem de dinheiro e possíveis ameaças à segurança nacional. Países como Reino Unido, Portugal e Espanha encerraram ou limitaram iniciativas parecidas após recomendações da Comissão Europeia.
Mesmo diante das críticas, os EUA continuam firmes em sua nova proposta. Segundo Trump, o objetivo é fortalecer a economia e garantir mais segurança interna. A expectativa é que as mudanças tragam impacto tanto para turistas quanto para empresas que desejam contratar mão de obra qualificada do exterior.
Resumo: Os Estados Unidos passaram a exigir caução para visto de alguns países como forma de frear a permanência ilegal. Por enquanto, o Brasil está fora da lista. Já o visto americano voltado para investidores, o Gold Card, exige aportes milionários, mas promete acesso facilitado à cidadania. As medidas evidenciam um esforço do governo para equilibrar segurança com atração de recursos financeiros.
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