Quase quatro décadas depois do maior acidente nuclear da História, o Escudo de Chernobyl — estrutura criada para manter resíduos radioativos sob controle — voltou a preocupar especialistas. Segundo a ONU, um ataque de drone em fevereiro causou danos significativos ao Novo Confinamento Seguro (NSC), o que compromete parte das funções que garantem a segurança do local.
O NSC funciona como uma “casca protetora” sobre o reator nº 4, destruído em 1986. Ele substituiu o antigo sarcófago soviético e, desde sua instalação, age como barreira essencial para limitar riscos, permitir monitoramento contínuo e manter a radioatividade isolada. Entretanto, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), braço da ONU, afirma que o ataque provocou um incêndio e afetou o revestimento externo da estrutura — justamente a superfície que protege o ambiente e impede a liberação de partículas.
Mesmo que os sistemas de sustentação e monitoramento permaneçam ativos, a agência destaca que o escudo perdeu parte de sua capacidade de confinamento, o que exige obras amplas e urgentes.
Por que a ONU considera o risco tão sério
A AIEA mantém presença permanente em Chernobyl desde o início da guerra na Ucrânia, o que permite observar, em tempo real, qualquer ameaça ao local. Assim, quando o ataque atingiu o NSC, o alerta veio rápido.
Especialistas reforçam que, apesar de o núcleo do reator destruído estar isolado, a radioatividade no interior continua alta e exige atenção constante. Por isso, a integridade do Escudo de Chernobyl tem impacto direto na segurança da região e também dos países vizinhos.
A agência ressaltou que reparos temporários já foram feitos, mas que não resolvem o problema. Conforme Rafael Mariano Grossi, Diretor-Geral da AIEA, apenas uma restauração completa pode evitar a degradação contínua da estrutura.

Como o ataque reacende memórias da tragédia de Chernobyl
Mesmo hoje, Chernobyl segue como símbolo de vulnerabilidade nuclear. Durante a fase inicial da guerra, tropas russas ocuparam a usina e mantiveram trabalhadores sob tensão por semanas. Embora tenham deixado a área pouco depois, a instabilidade segue evidente.
A estrutura do NSC, considerada a maior obra móvel já feita em terra, foi construída para durar um século. Ela custou € 2,1 bilhões, com investimento de mais de 45 países — um esforço internacional para evitar que o desastre de 1986 continue afetando gerações.
Ainda assim, os impactos do acidente permanecem. A radiação espalhou-se por partes da Europa e elevou índices de câncer, doenças relacionadas e malformações congênitas em regiões próximas ao local, o que reforça a necessidade de atenção em caso de danos.
Por que a restauração precisa ser rápida?
Embora a AIEA garanta que não houve danos estruturais permanentes, o dado mais crítico aparece no fim do relatório: o Escudo de Chernobyl perdeu parte da capacidade de confinamento radioativo, sua função mais importante.
Segundo a ONU, sem reparos amplos e rápidos, o revestimento pode sofrer degradação progressiva — o que aumentaria o risco de exposição ambiental no futuro. A agência afirma que seguirá monitorando a região e apoiando as equipes ucranianas para garantir que a proteção seja totalmente restabelecida.
Resumo: O ataque de drone danificou o Escudo de Chernobyl e reduziu sua capacidade de confinamento. A ONU alerta para necessidade urgente de restauração. Apesar de reparos iniciais, a estrutura exige obras completas. A AIEA mantém vigilância constante para evitar riscos de longo prazo.
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