As dez pessoas mortas no acidente de avião em Gramado (RS) eram da mesma família. A aeronave, um Piper PA-42-1000, decolou de Canela com destino a Jundiaí (SP) sob condições meteorológicas adversas, incluindo nevoeiro denso e visibilidade reduzida.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, junto ao Aeroporto de Canela, 3,8 mm de chuva entre 8h e 9h da manhã e mais 1,6 mm entre 9h e 10h. Próximo ao horário da queda, que foi por volta das 9h30. Até o momento, a hipótese considerada é que a condição climática possa ter prejudicado o voo.
No entanto, as conclusões só serão definidas após a investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica. Na aviação, chuva intensa, ventos fortes e nevoeiro podem afetar a segurança aérea.
Impacto das condições climáticas na aviação
A visibilidade reduzida dificulta a navegação visual, essencial para decolagens e pousos seguros, especialmente em aeródromos sem instrumentação adequada. Além disso, fenômenos como nevoeiro podem levar à desorientação espacial dos pilotos, aumentando o risco de acidentes.
No caso do acidente de avião em Gramado, a combinação de nevoeiro, chuva e temperaturas baixas pode ter comprometido operação da aeronave. A estação meteorológica local registrou chuva contínua desde as primeiras horas da manhã, com temperaturas em torno de 12ºC e umidade relativa do ar próxima à saturação.
É perigoso andar de avião na chuva?
No caso de aeródromos sem infraestrutura para voos por instrumentos, a decolagem em condições de visibilidade abaixo dos mínimos permitidos representa um risco significativo. Além disso, as condições adversas aumentam a probabilidade de erros humanos.
Por isso, é fundamental que pilotos e operadores sigam rigorosamente os procedimentos de segurança estabelecidos. Isso inclui avaliar se as condições meteorológicas atendem aos mínimos operacionais para voo visual ou se é necessário utilizar instrumentos de navegação.
No caso de aeródromos sem infraestrutura para voos por instrumentos, a decolagem em condições de visibilidade abaixo dos mínimos permitidos representa um risco significativo. De modo geral, viajar de avião na chuva não é perigoso, desde que todos os procedimentos sejam seguidos.
- Verificação detalhada das condições meteorológicas: pilotos e operadores devem monitorar as previsões do tempo, incluindo precipitação, ventos e nevoeiro, para avaliar se é seguro realizar o voo.
- Respeito aos mínimos operacionais: as condições de visibilidade e teto devem atender aos parâmetros mínimos para decolagem e pouso, seja por voo visual (VFR) ou por instrumentos (IFR).
- Utilização de instrumentos de navegação: em situações de baixa visibilidade, é essencial confiar em equipamentos como GPS, radar e sistemas de aproximação por instrumentos (ILS) para navegação precisa.
- Comunicação constante com o controle de tráfego aéreo: a coordenação com torres de controle e centros de controle aéreo ajuda a evitar conflitos e melhora a segurança durante operações em condições adversas.
- Manutenção preventiva da aeronave e treinamento adequado da tripulação: garantir que todos os sistemas da aeronave, como freios, limpadores de para-brisa e iluminação, estejam em perfeito funcionamento. Os pilotos devem ser treinados para operar em condições climáticas adversas, incluindo simulações de decolagens e pousos em condições adversas.
- Uso de aeródromos com infraestrutura adequada: priorizar o uso de pistas equipadas com balizamento, sistemas de aproximação por instrumentos e outros auxílios à navegação.
- Planejamento de alternativas: prosseguir ou cancelar o voo? Elaborar planos de voo com aeródromos alternativos em caso de necessidade. Se as condições climáticas não forem favoráveis ou não houver infraestrutura ou instrumentos suficientes, o piloto deve priorizar a segurança e cancelar ou atrasar o voo.
O acidente de avião em Gramado
Em entrevista ao UOL News, o especialista em gestão de risco Gerardo Portela avaliou o acidente de avião em Gramado. Ele acredita que possa ter havido uma combinação entre as condições climáticas e a ação humana.
“Houve algum tipo de ‘fator humano’, que a gente chama aqui na aviação, que é o fator técnico ou de engenharia que induz a pessoa a cometer o erro, seja uma informação errada sobre condição climática, seja um pedido para decolar”, explicou.
Gerardo que o possível erro não é obrigatoriamente do piloto: “O que a gente sabe é que a condição climática era ruim. E a aeronave não tinha limitações para enfrentar esse tipo de condição climática. O aeroporto também era extremamente precário”.
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