Marcelo de Carvalho, empresário e um dos sócios da RedeTV!, virou alvo de uma ação civil pública por racismo. O processo, movido pela Educafro, pede uma indenização de R$ 6 milhões por danos morais coletivos e custeio de bolsas de estudo para pessoas negras, após o apresentador afirmar que um assalto cometido contra um conhecido, em Barcelona, teria sido realizado por “obviamente um sujeito de aparência africana”.
A declaração foi feita nas redes sociais, em uma publicação no X (antigo Twitter), no dia 14 de julho. O post foi apagado, mas a repercussão foi imediata. No dia seguinte, Marcelo fez nova postagem, defendendo que sua fala seria baseada em dados sobre a crise migratória na Europa.
Para a Educafro, no entanto, o comentário teve teor discriminatório e reforçou estereótipos contra a população negra. A organização entende que houve generalização ao associar crimes como roubo e violência à migração africana.
O que diz a Educafro
Na ação protocolada na Justiça de São Paulo, a entidade pede que Marcelo seja condenado a:
- Pagar R$ 5 milhões em indenização para projetos sociais voltados à população negra;
- Arcar com R$ 1 milhão em bolsas de estudos para afro-brasileiros em cursos de graduação, pós-graduação ou formação técnica;
- Publicar retratação pública em suas redes sociais;
- Participar de curso sobre igualdade racial e direitos humanos;
- Promover campanhas antirracistas em seus canais digitais.
“Atribuir, de forma generalizada, o aumento de crimes como roubo, estupro e violência urbana na Europa à imigração de pessoas africanas configura uma manifestação inequívoca de racismo, discriminação e xenofobia”, afirmou a Educafro na petição.
Em entrevista ao Terra, o frei David Santos, fundador da entidade, comentou: “A sociedade brasileira está crescendo muito depois que a comunidade negra decidiu não permitir que situações de racismo fiquem impunes”.
A resposta de Marcelo de Carvalho
Em nota, Marcelo negou as acusações e disse que o post foi uma “descrição objetiva de um fato”, sem intenção discriminatória. “Não se tratou e sequer houve uma extensão do raciocínio em nenhum momento para afrodescendentes brasileiros, nem se elaborou crítica subjetiva sobre o comportamento de pessoas de determinada etnia ou nacionalidade”, declarou.
Segundo ele, a publicação “expôs, sem juízo de valor, a subsunção de um fato específico […] com base em dados estatísticos, ocorrências policiais e relatos amplamente documentados na imprensa”.
O empresário também criticou a ação judicial movida pela Educafro: “Embora não tenha sido oficialmente cientificado da tal ação judicial, percebe-se pela descrição que ela é infundada, senão risível […] o astronômico valor da indenização pretendida, sem nenhuma base, traz à tona a ganância por trás da vil iniciativa da entidade que a intentou”.
Até o momento, o processo aguarda o parecer do Ministério Público.
Resumo:
Marcelo de Carvalho, sócio da RedeTV!, está sendo processado por racismo após associar um assalto à aparência africana do suposto autor. A Educafro pede R$ 6 milhões em indenizações e ações educativas. O empresário nega o crime e diz que foi mal interpretado.
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