O rapper Sean “Diddy” Combs foi condenado nesta terça-feira (2) por duas acusações relacionadas ao transporte de mulheres para fins de prostituição, mas foi inocentado das denúncias mais graves do processo, incluindo tráfico sexual e conspiração para formação de quadrilha, acusação normalmente usada contra integrantes de máfias e organizações criminosas.
O julgamento, que ocorre em Nova York desde maio, é um dos mais acompanhados do ano pela imprensa americana e mobilizou também fãs e críticos do artista.
Diddy continua detido desde setembro do ano passado, e sua defesa solicitou a liberdade provisória com o pagamento de fiança no valor de US$ 1 milhão.
Veredito parcial e reações divididas
A decisão do júri foi anunciada após três dias de deliberações e cerca de 13 horas de debate. Enquanto Diddy manteve uma postura séria ao ouvir o veredito, apoiadores celebraram o resultado do lado de fora do tribunal.
Embora tenha sido considerado culpado por transportar mulheres – entre elas, sua ex-parceira Cassie Ventura e outra mulher identificada apenas como “Jane” -, o júri concluiu que não havia provas suficientes para caracterizar tráfico sexual ou conspiração criminosa.
A pena máxima para as acusações atuais pode ser entre 10 e 20 anos de prisão, bem abaixo da pena de prisão perpétua que o rapper enfrentaria se tivesse sido condenado por todos os crimes inicialmente apontados.
Depoimentos revelam bastidores violentos
Cassie Ventura foi uma das testemunhas-chave da acusação. Grávida e visivelmente abalada, ela detalhou episódios de violência física, coerção e abuso psicológico durante os 11 anos de relacionamento com Diddy. Segundo Cassie, o rapper a obrigava a participar de orgias com garotos de programa e gravava os encontros em vídeo.
Uma das evidências mais fortes do processo foi justamente uma gravação em que Diddy aparece agredindo Cassie no corredor de um hotel. Um segurança do local também testemunhou que o artista tentou suborná-lo para apagar as imagens.
Fotos de hematomas atribuídos às agressões completaram o material apresentado pelos promotores.
Mais uma vítima e mensagens contraditórias
Outra testemunha importante foi “Jane”, ex-namorada do rapper, que depôs sob pseudônimo. Ela relatou ter passado por situações semelhantes às de Cassie, envolvendo pressão para participar de “noites de hotel” com conteúdo sexual explícito.
Durante o julgamento, a defesa apresentou mensagens trocadas entre Diddy, Cassie e Jane em que as mulheres demonstravam afeto e até interesse em encontros sexuais. Para alguns jurados, essa combinação de provas e contradições pode ter contribuído para o veredito dividido.
“Mensagens de carinho misturadas com denúncias graves podem dificultar o entendimento do júri, especialmente em casos complexos como esse”, explicou a ex-procuradora Jennifer Biedel.
Acusação perdeu uma possível testemunha
A promotoria também foi prejudicada pela ausência de uma terceira vítima, que não chegou a depor. Segundo o ex-procurador federal Neama Rahmani, a presença de múltiplos relatos semelhantes costuma ser decisiva para convencer o júri.
“Os jurados podem duvidar de uma testemunha, mas é muito mais difícil não acreditar em várias”, observou Rahmani.
Apesar da condenação parcial, o resultado é considerado por analistas uma vitória jurídica para a defesa de Diddy, que agora se concentra na tentativa de reduzir sua pena ou conquistar a liberdade provisória.
Resumo:
O rapper Sean “Diddy” Combs foi condenado por transportar mulheres para prostituição, mas inocentado das acusações de tráfico sexual e conspiração. Testemunhos de ex-parceiras, como Cassie Ventura, revelaram abusos graves, mas não convenceram o júri em relação aos crimes mais severos. A defesa tenta agora garantir sua liberdade provisória.
Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!