O caso da publicitária Juliana Marins, de 26 anos, tocou o Brasil e gerou revolta nas redes sociais. Ela morreu após sofrer uma queda durante uma trilha no Monte Rinjani, um vulcão na Indonésia, e só foi resgatada quatro dias depois. Internautas questionaram a lentidão do resgate e apontaram falhas graves no atendimento prestado pelas autoridades locais.
A família afirma que Juliana Marins estava viva após a queda e que a negligência no atendimento foi determinante para o desfecho trágico. Com base em imagens de drones e testemunhos de outros escaladores, acredita-se que ela resistiu por horas, mas acabou morrendo antes da chegada da equipe de socorro.
Como funciona o turismo de aventura em trilhas como a do Rinjani
O Monte Rinjani, onde aconteceu o acidente, é um dos principais pontos de turismo de aventura da Indonésia. A escalada exige preparo físico, equipamentos adequados e acompanhamento profissional. Ainda assim, não há restrições claras para turistas iniciantes — o que aumenta os riscos, principalmente quando falta orientação técnica.
Especialistas em montanhismo ouvidos pela BBC afirmam que, no caso de Juliana, as dificuldades do terreno e o clima instável agravaram o socorro. Além disso, relataram que as equipes de resgate não dispunham de equipamentos adequados, como cordas longas ou kits de emergência em pontos estratégicos. Para piorar, parte dos recursos precisou ser trazida de outras cidades, o que atrasou ainda mais a operação.
Falta de preparo das autoridades dificultou resgate no vulcão na Indonésia
Segundo os escaladores locais, a região onde Juliana caiu — uma trilha estreita e íngreme — já foi palco de outros acidentes. Mesmo assim, faltam equipamentos de segurança fixos, como cordas e escadas de apoio. A instalação de câmeras e a presença de socorristas nos postos também são recentes e ainda insuficientes.
Apesar das críticas, as autoridades da Indonésia alegam que seguiram todos os procedimentos previstos. O chefe do Parque Nacional do Monte Rinjani, por exemplo, afirmou que o número de socorristas chegou a 50 pessoas. No entanto, reconheceu que o terreno e o clima extremo limitaram a atuação da equipe.
O que diz a lei sobre a responsabilidade das empresas de turismo de aventura?
A advogada Mayra Cardozo, especialista em direitos humanos e gênero, destaca que o episódio revela mais do que falhas técnicas. “Estamos diante de uma possível responsabilização civil e criminal. Empresas que oferecem esse tipo de serviço têm o dever de garantir a segurança dos clientes com guias preparados e estrutura adequada”, afirma.
Ela também chama atenção para a dimensão racial e de gênero do caso. Segundo Mayra, Juliana Marins enfrentou uma violência simbólica que se soma à omissão do resgate. “É preciso refletir se a resposta teria sido a mesma se ela fosse uma turista branca e europeia”, questiona.
Casos como esse escancaram o quanto o racismo e o sexismo estruturam a forma como vidas são tratadas em situações-limite. Além disso, colocam em debate a urgência de criar regras mais rígidas para garantir que o turismo de aventura seja, acima de tudo, seguro e responsável.
Resumo: A tragédia envolvendo Juliana Marins levanta questões sérias sobre a responsabilidade das empresas e do Estado em atividades de risco, como o turismo de aventura. Além das falhas logísticas, o caso expõe desigualdades estruturais e aponta para a necessidade urgente de revisão nos protocolos de segurança em locais como o vulcão na Indonésia. Justiça e prevenção precisam caminhar juntas para evitar novas perdas.
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