Duas mães estão disputando a guarda dos filhos após mais um caso de bebês trocados na maternidade. Dois irmãos gêmeos foram separados logo após o nascimento, em 2021. O caso aconteceu no interior de Alagoas.
A desconfiança inicial surgiu quando uma mulher notou uma criança idêntica ao filho da amiga em uma cidade vizinha. Ela questionou se a família havia se mudado — ao receber a negativa, se espantou com as semelhanças e contou o acontecido.
“Eu fiquei tão atordoada. Postei um vídeo, o vídeo dele na creche rezando e postei um vídeo chorando: ‘Vocês me perguntando se esse menino é o Gabriel, mas não é o Gabriel. Estou emocionada porque o menino é idêntico ao Gabriel’”, disse Débora, ao ‘Fantástico’ deste domingo (15).
Os bebês trocados na maternidade: como foi?
Débora, agricultora de São Sebastião, no agreste alagoano, teve os gêmeos Guilherme e Gabriel no dia 21 de fevereiro de 2022, no Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca. Os bebês nasceram prematuros, no oitavo mês de gestação, por conta de problemas de saúde da mãe.
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Os gêmeos precisaram ficar na UTI para ganhar peso. Por conta de casos de COVID, os bebês não puderam receber visitas: “Até pensei que iria todos os dias para amamentar, mas não fui. O pediatra me ligava e passava o relatório de como eles estavam”, disse Débora. Eles foram liberados no dia 12 de março de 2022. A mãe acreditava que se tratavam de gêmeos bivitelinos (não idênticos), como sugerido pela equipe médica.
Três dias depois do nascimento dos gêmeos, Maria Aparecida deu à luz Bernardo, no mesmo hospital. Assim como Guilherme e Gabriel, ele precisou ficar internado para ganhar peso. O bebê recebeu alta após pouco mais de um mês, no dia 28 de março de 2022.
A descoberta da troca
Dois anos se passaram e nenhuma das famílias desconfiavam de nada. Até que surgiu nas redes sociais o vídeo de uma das crianças na escola. Ao notar a semelhança com um de seus gêmeos, Débora decidiu investigar.
Uma conselheira tutelar reuniu as mães, que concordaram em realizar um exame de DNA. O teste confirmou: Bernardo é irmão biológico de Gabriel e filho de Débora e seu marido, Suelson. Já Maria Aparecida é mãe biológica de Guilherme.
“Meu mundo caiu”, lamentou Maria.
Uma ação foi movida contra o obstetra que fez o pré-natal e o parto dos gêmeos. A Polícia Civil de Alagoas instaurou um inquérito para investigar o caso dos bebês trocados na maternidade. Em nota, o hospital informou que está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos.
Quem fica com quem? Mães vivem impasse
Débora e Maria Aparecida vivem um impasse sobre o futuro dos bebês trocados na maternidade. A família da primeira pretende reunir os irmãos gêmeos biológicos e busca, na justiça, ter o gêmeo Bernardo de volta.
Ao mesmo tempo, desejam manter Guilherme, que é filho biológico de Maria Aparecida, e possui graves problemas de saúde. Já Maria Aparecida não deseja ‘destrocar’ os filhos trocados, e quer manter a guarda de Bernardo. Ela planeja manter uma relação de proximidade com Guilherme.
Para a Defensoria Pública, as mães devem permanecer com as crianças que saíram com elas da maternidade, mas manter uma relação próxima com os filhos biológicos. Por enquanto, os bebês visitam suas famílias biológicas de 15 em 15 dias.