A cantora Angela Ro Ro marcou gerações com sua voz inconfundível e um estilo que mesclava blues, samba-canção, bolero e rock. Angela estava internada desde junho no Hospital Silvestre, com uma infecção pulmonar grave, e passou por complicações que incluíram uma traqueostomia. Segundo o advogado Carlos Eduardo Lyrio, uma nova infecção acabou levando ao falecimento da artista na manhã desta segunda-feira (8).
Nascida Angela Maria Diniz Gonsalves, ela recebeu o apelido de Ro Ro ainda na infância, por sua voz grave. Aos cinco anos, começou a estudar piano clássico, revelando desde cedo seu talento musical. Décadas depois, consolidou-se como uma das artistas mais originais da música popular brasileira.
Primeiros passos e desafios no exterior
Na década de 1970, Angela Ro Ro viajou para a Itália e conheceu o cineasta Glauber Rocha, que influenciou sua carreira artística. Em seguida, mudou-se para Londres, onde trabalhou como faxineira, garçonete e lavadora de pratos, enquanto se apresentava em pubs. Durante esse período, participou do álbum Transa, de Caetano Veloso, tocando gaita por indicação de Glauber.
Ao retornar ao Rio de Janeiro, começou a se apresentar em casas noturnas e foi contratada pela gravadora Polygram/Polydor, atual Universal Music. Desde então, sua carreira ganhou projeção nacional.
‘Amor, Meu Grande Amor’ e o reconhecimento da crítica
Em 1980, Angela Ro Ro alcançou seu primeiro grande sucesso ao apresentar a canção “Amor, Meu Grande Amor” sozinha, vestida de smoking, no Teatro Fênix. Essa performance icônica revelou ao público uma artista que expressava sentimentos femininos com intensidade e autenticidade. Na mesma ocasião, ela dividiu o palco com a renomada Angela Maria, solidificando seu legado na história da MPB.
Influenciada por Ella Fitzgerald, Maysa e Elis Regina, Angela criou um repertório que outros grandes artistas também celebraram. Ney Matogrosso interpretou “Balada da Arrasada”, Maria Bethânia gravou “Fogueira”, e Frejat regravou “Amor, Meu Grande Amor”.
Vida pessoal e lutas enfrentadas
Angela Ro Ro assumiu sua orientação sexual desde o início da carreira, vivendo intensamente seus amores e paixões. Entretanto, enfrentou momentos de dificuldade, incluindo problemas financeiros e de saúde, que a afastaram dos palcos nos últimos anos. Ela chegou a solicitar apoio do público pelas redes sociais. Sua última apresentação aconteceu em maio de 2025.
A artista também era conhecida por refletir sobre os excessos e a tentativa de autodestruição, sempre com sinceridade: “Eu fiz a experiência de me autodestruir e não fui competente. Errei. E daí? Errei comigo”.
Legado e documentário em produção
Antes de ser internada, Angela colaborou com a produção do seu primeiro documentário, dirigido por Liliane Mutti, cineasta do filme Miúcha – A voz da bossa nova (2022). O documentário sobre Angela Ro Ro está em fase final de produção, prometendo eternizar sua trajetória e legado na música popular brasileira, de acordo com informações do G1.
Resumo: Angela Ro Ro, cantora e compositora icônica da MPB, faleceu aos 75 anos após complicações de saúde. Dona de uma voz única e de um repertório influente, deixa um legado inesquecível e um documentário que celebrará sua trajetória.
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