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Desenvolvimento pessoal na maternidade: (re)encontrando interesses e paixões

Após o parto, é preciso se redescobrir em um novo papel — como equilibrar o desenvolvimento pessoal na maternidade sem abrir mão do vínculo com o bebê?

Jéssica Batista Publicado em 26/09/2024, às 18h40

A chegada de um bebê é, sem dúvidas, um momento marcante. Além das mudanças na rotina e no corpo, a nova mãe passa por uma transformação profunda. A mulher que existia antes dá lugar a uma nova versão de si mesma. Paula, Juliana e Tainá agora se tornam a mães do Pedro, da Sophia e do Theo. Essa troca de identidade pode afetar como a recém-mãe se vê. Mas como encontrar tempo e energia para se (re)descobrir nesse novo papel? Como equilibrar o desenvolvimento pessoal na maternidade sem abrir mão do vínculo com o bebê?

Para explorar maneiras de navegar por essa fase e aproveitar as oportunidades transformadoras da maternidade, conversamos com a psicóloga Carolina Medeiros e com Marília Scabora, psicóloga obstétrica e fundadora da comunidade ‘Tribo Mãe’, que compartilham suas visões sobre o tema. Leia a seguir!

Desenvolvimento pessoal na maternidade

De acordo com a psicóloga Carolina Medeiros, a chegada de um bebê provoca uma ruptura significativa na percepção de identidade da mulher. “Nasce uma mãe e morre um pouco a mulher que existia antes”, ela explica. A partir do momento que o bebê passa a ser o centro das atenções, é comum que as antigas rotinas e interesses sejam deixados de lado, o que pode gerar uma onda de questionamentos.

Carolina enfatiza que, apesar das mudanças, essa é uma oportunidade para o desenvolvimento pessoal na maternidade. Nesses questionamentos, muitas atividades de antes perdem o sentido e são deixadas para trás por tempo indeterminado. A mulher se percebe diferente e com outras prioridades.

Um dos maiores desafios para as recém-mães é a culpa, que surge sempre que tentam separar um tempo para si mesmas. Segundo Carolina, essa sensação é comum, mas precisa ser trabalhada. “Para uma vinculação saudável com o bebê, é importante que a mãe esteja bem e atenta às suas próprias necessidades. Uma mãe exausta mentalmente acaba por se tornar indisponível na relação”, diz ela. Ou seja, dedicar um tempo ao autocuidado não só beneficia a mãe, como também o bebê.

Carolina sugere pequenas práticas diárias que podem ajudar nesse processo de reconexão, como ouvir uma playlist personalizada, dançar, ou simplesmente sair de casa. “O cansaço mental pode ser cuidado por estratégias simples, como fazer algo que a faça conectar com ela mesma”, reforça.

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Autocuidado e a importância de novos interesses

Para muitas mães, o autocuidado e o retorno aos interesses pessoais é algo que precisa ser redescoberto com o passar dos meses. De acordo com Carolina, o processo de “desidentificação” do bebê — que ocorre por volta dos seis meses — é fundamental. Ao voltar o olhar para si mesma, a mãe permite que o bebê também construa sua própria identidade. É preciso se arriscar e buscar sua nova versão com coragem e leveza.

“O tempo investido em autocuidado e em atividades que trazem alegria e propósito pessoal não deve ser visto como um luxo, mas como uma necessidade para que a mulher se sinta plena, além do papel de mãe”, destaca Marília. 

Nesse processo, a maternidade pode abrir portas para novos interesses ou até redirecionamentos profissionais. A criatividade da mãe se desenvolve a cada dia que passa. É um ótimo momento para se permitir recomeçar e trilhar novos caminhos. Em resumo, a maternidade pode ser um portal para se redescobrir em novas versões, e é possível explorar isso. É o que mostra o relato de Mayra Durante, mentora de mulheres e advogada, que compartilha com AnaMaria sua experiência pessoal: 

“Durante a gravidez, muitas mulheres experimentam uma sensação de perda de identidade, algo que descrevo como a 'aniquilação do sujeito'. A sociedade, com sua expectativa patriarcal de que a mulher grávida seja puramente uma mãe em formação, frequentemente anula suas outras facetas, sua complexidade. No entanto, é justamente nesse período que podemos (re)encontrar novas paixões e interesses, aproveitando a introspecção que a gestação nos proporciona.

Enquanto enfrentamos as restrições e expectativas sociais impostas sobre nossos corpos e vontades, a gravidez também nos convida a nos reconectar com nossos próprios desejos e questionar o que realmente importa para nós. Por que não explorar isso?

Eu, pessoalmente, percebi que a introspecção causada pelas limitações da gravidez também abriu um espaço de criatividade. A maternidade, ao invés de ser apenas um momento de sacrifício, pode ser uma oportunidade para refletirmos sobre nossas verdadeiras paixões e explorar novos caminhos. Seja aprender algo novo, como um hobby que sempre esteve em segundo plano, ou investir em uma área de estudo que faça mais sentido, o momento da gestação pode ser um redescobrimento.

Muitas recém-mães redescobrem habilidades, cultivam interesses esquecidos ou mesmo encontram novas paixões durante a gravidez. É uma forma de reconectar com o que nos torna humanas além do papel de mãe.”

Explorando novas paixões após a chegada do bebê

O desenvolvimento pessoal na maternidade pode ser uma jornada transformadora e enriquecedora. Embora os primeiros meses sejam desafiadores, é possível — e necessário — que a mulher se permita reencontrar seus interesses e paixões. Cuidar de si mesma é também uma forma de cuidar do bebê, promovendo uma maternidade mais saudável, equilibrada e feliz. 

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Pensando nisso, Marília compartilha valiosos insights para mães que desejam redescobrir seus interesses e paixões, na prática!

O redescobrimento da identidade pessoal

Olhar com acolhimento para si é o primeiro passo da caminhada em busca da própria identidade. “Nos primeiros meses, muitas mães sentem que seus antigos interesses ficaram em segundo plano. No entanto, o tempo dedicado ao autocuidado é fundamental para que a mulher se sinta plena, além do papel de mãe”, diz Marília. 

Reajustar expectativas e abrir espaço para novas paixões

Nesse processo, é importante estar aberta ao novo. “A maternidade pode despertar interesses em áreas que antes não faziam parte da rotina, como desenvolvimento infantil ou até hobbies criativos. Permita-se explorar essas diferentes áreas”, orienta. 

O poder da comunidade

A rede de apoio é peça-chave na maternidade. Além do suporte emocional, prático e psicológico, os grupos de apoio materno são uma excelente forma de conectar-se com outras mães e, ao mesmo tempo, redescobrir paixões. A troca de experiências e apoio mútuo podem ser transformadores.

Dê-se permissão para ter tempo para si

Separar momentos para si mesma é essencial. Isso pode ser alcançado através de pequenos passos, tais como dedicar alguns minutos por dia à leitura ou à prática de autocuidados. “Não é sobre voltar a ser quem a mulher era antes, mas sim integrar seus novos papéis com seus interesses: pequenos passos podem fazer a diferença nesse reencontro com a própria essência”, finaliza. 

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