Diferente de previsões catastróficas que imaginam o “fim do mundo” com eventos súbitos, o colapso da vida humana descrito no estudo é mais gradual
Marina Borges Publicado em 31/10/2024, às 19h30
Uma recente movimentação nas redes sociais trouxe à tona um estudo dos anos 1960 que projeta o possível colapso da vida humana na Terra para a década atual. A pesquisa, conduzida pelo cientista austríaco-americano Heinz von Foerster, propunha que o crescimento populacional, caso mantido no ritmo elevado da época, poderia esgotar recursos naturais e a infraestrutura global ao ponto de não sustentar a vida humana até o ano de 2026.
A data exata prevista pelo estudo foi 13 de novembro, considerando que, se a população continuasse a crescer exponencialmente, a demanda por recursos ultrapassaria a capacidade de produção e regeneração da Terra. Apesar de a taxa de crescimento populacional ter desacelerado nas últimas décadas, o estudo de Von Foerster levanta reflexões sobre sustentabilidade e alerta para um possível desequilíbrio iminente na relação entre consumo humano e recursos disponíveis.
Diferente de previsões catastróficas que imaginam o “fim do mundo” com eventos súbitos, como terremotos ou pandemias, o colapso da vida humana descrito por Von Foerster é mais gradual e se relaciona diretamente com a exaustão de recursos essenciais. Em um cenário de colapso, a humanidade enfrentaria crises de abastecimento de alimentos e água potável, escassez de energia e o colapso dos sistemas de infraestrutura e serviços.
Esses fatores combinados poderiam causar distúrbios sociais severos, aumento da mortalidade e possível queda abrupta da população global, provocada por desnutrição, doenças e conflitos por recursos.
A perspectiva apresentada pelo estudo é que, ao continuar com o modelo de crescimento da época, a população mundial aumentaria a uma taxa tão rápida que atingiria um ponto de “infinito populacional”. Em outras palavras, a quantidade de habitantes ultrapassaria a capacidade do planeta de sustentar a vida, desencadeando um colapso global.
Nas últimas décadas, o crescimento populacional desacelerou em várias regiões, especialmente em países desenvolvidos. Essa mudança se deve, em grande parte, ao aumento do acesso à educação, ao planejamento familiar e ao empoderamento feminino. Embora essa estabilização reduza a pressão imediata sobre os recursos, o estudo de Von Foerster ressalta que o colapso da vida humana ainda pode ocorrer caso não sejam adotadas práticas mais sustentáveis e equilibradas de consumo e produção de recursos.
A população global ainda consome recursos em um ritmo superior à capacidade de reposição do planeta. No chamado “Dia da Sobrecarga da Terra”, marca-se o momento em que a humanidade esgotou os recursos renováveis que a Terra poderia repor em um ano. Em 2023, esse dia ocorreu em julho, sinalizando que a humanidade ainda precisa de uma ação substancial para evitar a crise de sustentabilidade projetada no estudo.
O estudo de Von Foerster é uma chamada de atenção sobre os limites da capacidade da Terra e a importância de revermos nossos hábitos e práticas para garantir a sobrevivência futura. Embora o cenário apocalíptico não seja imediato, o alerta evidencia que um consumo excessivo e desenfreado dos recursos essenciais pode levar a um colapso dos sistemas sociais e ecológicos que sustentam a vida humana.
A humanidade, no entanto, tem a oportunidade de adotar medidas sustentáveis, como reduzir o desperdício, investir em fontes de energia renovável e diminuir a dependência de recursos não renováveis. A inovação tecnológica, com o desenvolvimento de métodos mais sustentáveis de produção de alimentos e reaproveitamento de recursos, também é um caminho promissor para enfrentar o desafio da escassez.
Embora o prazo exato do colapso previsto por Von Foerster possa ser flexível, o estudo serve como um lembrete de que a Terra possui limites e que eles não devem ser ignorados. Hoje, o conceito de sustentabilidade vai além da conservação ambiental; trata-se da própria sobrevivência humana e da qualidade de vida das gerações futuras.
À medida que nos aproximamos de 2026, o ano indicado no estudo para o colapso da vida humana na Terra acontecer, cabe à humanidade adotar práticas que não apenas evitem um colapso, mas promovam um equilíbrio saudável entre desenvolvimento e preservação.
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