Saiba os riscos associados ao uso excessivo de telas na infância e como ajudar as crianças nesses casos
Marina Borges Publicado em 07/03/2024, às 08h00
No mundo digitalizado em que vivemos, é comum ver crianças cada vez mais imersas em dispositivos eletrônicos, desde smartphones e tablets até computadores e TVs. No entanto, o uso excessivo de telas na infância, hábito aparentemente inofensivo, pode acarretar uma série de consequências negativas para a saúde e o desenvolvimento infantil.
O vício em telas tornou-se uma preocupação crescente para pais, educadores e profissionais de saúde, levantando questões sobre seus impactos e como mitigar seus efeitos nocivos. AnaMaria conversou com a psicanalista Andréa Ladislau, especialista em Psicopedagogia e Inclusão Digital, para entender por que o uso excessivo de telas prejudica as crianças e o que pode ser feito para enfrentar esse desafio crescente.
O principais riscos do uso excessivo de telas para o desenvolvimento dos pequenos, são:
De acordo com Andréa, o uso excessivo de telas e dispositivos eletrônicos impacta diretamente na qualidade do sono e limita as interações sociais das crianças, bem como as atividades físicas — necessárias para um crescimento saudável e de qualidade.
“Além disso, podemos destacar a importância da interação social para estimular o gerenciamento das emoções. Crianças que interagem com outras crianças, e não só com telas, conseguem enfrentar com mais facilidade os desafios no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais”, aponta.
A intensidade, frequência e duração do tempo de utilização da tecnologia são fatores de identificação do uso excessivo de telas na infância. “A exposição intensa ao celular, substituindo brincadeiras lúdicas, ou mesmo os estudos e a dedicação às tarefas escolares, também são indícios", indica Andréa.
"O fato da criança priorizar as telas acima dos interesses vitais, como: comer, dormir, descansar, higienizar, socializar, dentre outras rotinas cotidianas, também é uma constatação de que o vício em telas pode estar instaurado”, completa a especialista.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) forneceu diretrizes e recomendações referentes ao tempo de tela recomendado para as crianças na primeira infância. A seguir, veja as recomendações do órgão:
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também emitiu um manual de orientação referente ao uso de telas, pensando na saúde de crianças e adolescentes na era digital. Acesse o documento aqui.
Além das restrições de tempo recomendadas pela OMS, de acordo com Andréa, os pais devem:
Mostrar, por meio da comunicação aberta e transparente, os riscos do uso excessivo de telas na infância, sem utilizar do recurso de punições, é um ótimo caminho para ajudar as crianças que passam tempo demais em frente a dispositivos eletrônicos.
“O principal é criar as regras e disciplina, deixando claro o objetivo que está acima de qualquer represália, evidenciando que o que está em jogo é o bem-estar e a qualidade de vida da criança. Também é importante mostrar quais as consequências para a saúde física e mental de quem fica muito tempo ligado às telas”, explica Andréa.
A psicanalista ainda observa que o apoio está intimamente ligado ao acolhimento, a escuta ativa e a abordagem adequada, sem repressão, mas com ensinamento educacional. “Um trabalho muito delicado que requer paciência e cuidado, mas que fará a diferença no cotidiano e no desenvolvimento cognitivo e emocional da criança”, aponta.
Andréa lista algumas ações que podem ajudar os pais a controlarem o uso excessivo de telas das crianças maiores:
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