Já pensou em ter olhos azuis? Cirurgia para mudar a cor já existe e custa R$ 70 mil - Ian Fet/Unsplash
É PERIGOSO?

Já pensou em ter olhos azuis? Cirurgia para mudar a cor já existe e custa R$ 70 mil

Fazer cirurgia para mudar a cor dos olhos está virando algo comum, mas é muito perigoso e pode causar lesões permanentes na visão - saiba mais

da Redação Publicado em 19/11/2024, às 09h00

Trocar a cor dos olhos definitivamente deixou de ser algo exclusivo das lentes de contato ou, até, de pessoas com heterocromia. Agora, um novo procedimento cirúrgico chamado ceratopigmentação — também conhecido como cirurgia para mudar a cor dos olhos — tem ganhado destaque no mercado estético.

Originalmente criada para fins médicos, a operação é indicada, na maioria das vezes, para pessoas com cegueira ou com baixa visão extrema. O objetivo da cirurgia é recuperar a aparência de um olho normal. Porém, ela agora atrai pessoas que desejam alterar a cor dos olhos sem condições médicas.

Essa técnica, comparada a uma “tatuagem no olho”, insere micropigmentos na córnea para alterar sua coloração. No entanto, especialistas alertam: o procedimento de R$ 70 mil é considerado de alto risco e não é recomendado para fins estéticos. Ainda assim, a busca por olhos azuis ou verdes, como os de apenas 15% da população mundial, continua crescendo.

Como funciona a cirurgia para mudar a cor dos olhos?

A ceratopigmentação foi desenvolvida como uma solução médica para pacientes cegos ou com manchas brancas nos olhos, visando melhorar a aparência ocular. Durante o procedimento, micropigmentos são implantados nas camadas mais internas da córnea, alterando sua cor de forma permanente.

Em entrevista à Agência Brasil, a oftalmologista Juliana Feijó Santos explica que, em casos médicos, a cirurgia é indicada para quem não se adapta às lentes de contato cosméticas ou não pode usar próteses oculares.

Segundo a especialista, “a técnica é voltada para recuperar a autoestima de pacientes com comprometimento visual significativo. Para fins estéticos, ela é contraindicada devido aos riscos e à falta de evidências científicas sobre sua segurança a longo prazo.”

Os riscos incluem infecções graves, lesões na córnea, sensibilidade à luz e até a possibilidade de cegueira permanente. Além disso, o pigmento utilizado pode dificultar exames futuros, como mapeamento de retina ou cirurgias de catarata.

Por que o procedimento é arriscado?

Mesmo quando utilizado para fins médicos, a cirurgia para mudar a cor dos olhos é considerada invasiva e requer extrema cautela. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alerta que os principais perigos incluem:

“O estado prévio do olho a ser operado é determinante. Córneas finas, neoplasias não diagnosticadas ou transplantes de córnea anteriores aumentam o risco de complicações”, complementa Feijó.

Outro ponto destacado pelo CBO é a necessidade de cuidados rigorosos durante e após a cirurgia, incluindo infraestrutura adequada, uso de colírios específicos e acompanhamento clínico frequente.

Como trend nas redes sociais

Apesar das restrições e riscos, a cirurgia para mudar a cor dos olhos ganhou popularidade nas redes sociais, com vídeos mostrando transformações dramáticas. Em um dos casos mais comentados de 2024, uma brasileira com visão saudável realizou a ceratopigmentação na Suíça. O vídeo, publicado pela clínica responsável, já soma mais de 14 milhões de visualizações.

Esse tipo de conteúdo alimenta a curiosidade sobre a cirurgia e atrai pessoas dispostas a pagar altos valores para mudar a cor dos olhos. No entanto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reforça que o uso da técnica em pacientes saudáveis é considerado antiético e desaconselhado no Brasil.

“Não podemos ignorar que a busca por um ideal estético pode colocar a saúde em risco. É nosso dever alertar sobre os perigos associados a esse procedimento”, afirma Wilma Lelis, presidente do CBO.

Alternativas para quem deseja mudar a cor dos olhos

Para quem deseja alterar a cor dos olhos sem colocar a saúde em risco, as lentes de contato coloridas continuam sendo a melhor opção. Elas permitem mudanças temporárias e são muito mais seguras, desde que usadas com acompanhamento oftalmológico.

“Mesmo as lentes de contato exigem cuidado. Elas interferem na biologia lacrimal e podem causar irritações se não forem higienizadas corretamente ou usadas de forma inadequada”, explica Lelis.

O mercado global de estética, que movimenta mais de US$ 120 bilhões por ano, continua explorando novas técnicas e procedimentos. No entanto, quando se trata de saúde ocular, a recomendação dos especialistas é sempre priorizar a segurança e evitar procedimentos de alto risco, como a ceratopigmentação para fins estéticos.

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