Você sabia que as cólicas renais são consideradas uma das piores dores do mundo? Vamos conversar hoje sobre as famosas pedras nos rins.
Renato Karakhanian, colunista de AnaMaria Digital Publicado em 23/11/2024, às 13h00
Olá, pessoal.
Neste mês, falaremos sobre cólica renal, um motivo muito comum para atendimentos em pronto-socorros.
Sentir dor é bastante desagradável, não é mesmo? Sentir uma dor intensa e súbita, que muitos relatam como sendo a pior do mundo, então nem se fala. É assim que grande parte dos pacientes que têm crises de cólica renal classifica a dor causada pelos cálculos, ou as populares “pedras nos rins” (nefrolitíase). Essa condição é mais prevalente em adultos jovens e de meia-idade, afetando cerca de 10% da população global, com uma recorrência significativa ao longo da vida.
A apresentação clínica da cólica renal é marcada por dor intensa e súbita nas regiões dorsal inferior e lateral abdominal, irradiando para a região pélvica. Muitas vezes, pode estar acompanhada de náuseas, vômitos e, em alguns casos, pela presença de sangramento na urina.
Os rins têm várias funções fundamentais no nosso organismo. A principal delas é filtrar o sangue que passa por eles em um processo de depuração, onde há a remoção de resíduos e toxinas. Neste processo, temos a absorção e reabsorção de eletrólitos (minerais) que, dentre algumas funções, auxiliam na regulação da quantidade de água corporal.
Durante a formação da urina, quando há um desequilíbrio na concentração urinária, pequenos cristais são formados. Quando esses cristais não conseguem ser dissolvidos, eles se agregam e solidificam, formando então as pedras nos rins. O cálculo, quando está parado no rim, geralmente não causa dor.
Entretanto, quando a urina formada nos rins é transportada para a bexiga pelos ureteres – estruturas que conectam os rins à bexiga (Figura 1) – a pedra pode se movimentar, gerando atrito com as estruturas renais e causando a dor. Quando há impactação do cálculo no ureter, ocorre um aumento da pressão intraluminal e distensão do sistema coletor urinário, gerando a crise de cólica renal (Figura 2).
Figura 1: Aparelho urinário
Figura 2: Pedra obstruindo o ureter
A dor é tão intensa que muitos pacientes recorrem ao pronto-socorro para receber medicamentos na veia que reduzem a inflamação e aliviam a dor. O diagnóstico é confirmado por exames de imagem, como ultrassonografia e tomografia computadorizada, que identificam a localização, o tamanho e o número dos cálculos.
Dependendo dessas variáveis e do contexto clínico do paciente, o tratamento pode ser feito com analgésicos, hidratação e medicamentos que agem dilatando as vias urinárias, como tentativa de expelir a pedra. Quando os cálculos causam obstrução importante, sem melhoras com medicamentos ou com infecção associada, procedimentos como Litotripsia Extracorpórea (LECO) ou Ureterolitotripsia são indicados para tratamento.
O LECO é um procedimento utilizado para as pedras maiores e dentro dos rins. O método consiste na colocação de um aparelho gerador de ondas mecânicas na região dorsal. O objetivo é que essas ondas fragmentem os cálculos em pequenas partes, facilitando sua eliminação. Contudo, é pouco utilizado atualmente frente as novas estratégias de tratamento.
A Ureterolitotripsia é o método mais comum por ser um procedimento simples, efetivo e com baixos índices de complicação. A realização é feita dentro do centro cirúrgico, e a internação normalmente é de um dia. O urologista, por meio de um dispositivo com laser na ponta, introduzido pela uretra, acessa a estrutura onde está localizado o cálculo. O laser fragmenta a pedra, favorecendo sua passagem e desobstrução.
Importante ressaltar que os cálculos, quando não retirados, podem causar complicações graves e irreversíveis que podem comprometer a função renal e até levar ao óbito em casos de infecção generalizada, causada pela infecção urinária decorrente da obstrução. Por isso, é fundamental que estejamos atentos diante da suspeita dessa condição. Para prevenir e saber mais sobre o assunto, confiram as orientações abaixo.
Principais Causas e Fatores de Risco:
Histórico Familiar: a predisposição genética é um fator bem estabelecido na formação de cálculos renais. A hipercalciúria (aumento do cálcio na urina) idiopática é uma das principais causas metabólicas associadas à nefrolitíase;
Baixa Ingestão de água: é um fator de risco significativo. A água é um importante solvente; sua ingestão insuficiente concentra a urina, propiciando a formação de cristais;
Hábitos alimentares: evitar dietas ricas em proteínas que aumentam a acidez, o consumo de sal (sódio) e a ingestão exagerada de refrigerantes, sobretudo os à base de cola, altera o equilíbrio do cálcio urinário
Obesidade e Sedentarismo: podem acarretar alterações metabólicas no metabolismo do cálcio e do ácido úrico, incluindo hipercalciúria e hiperuricosúria;
Fatores climáticos: regiões com climas quentes apresentam maior incidência de nefrolitíase. Isso acontece porque a transpiração excessiva pode levar à desidratação. A perda de água concentra a urina e favorece a formação de cálculos.
Agora que vocês já sabem como prevenir e evitar uma das “piores dores do mundo”, lembrem-se que o Verão está chegando, não esqueçam da importância da hidratação e alimentação saudável.
Até o próximo mês!
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