Marcos Pigossi falou abertamente sobre todos os impasses que sofreu durante a vida por causa de sua sexualidade. Em entrevista à revista Piauí, o ator contou que um dos momentos mais complicados foi diante de uma declaração do autor de novelas Silvio de Abreu.
O artista disse que nunca esqueceu uma entrevista do dramaturgo para o jornal Folha de S. Paulo. “Ele dizia que atores gays não deviam assumir sua sexualidade publicamente, pois as donas de casa e telespectadoras em geral enxergam o galã como ‘machão’. Ele dizia que um ator assumido era um ‘bobo’, pois a revelação fatalmente prejudicaria sua carreira”, relembrou.
Para Pigossi, a declaração significava que um ator homossexual não era bem-vindo e que o assunto não deveria se tornar público. “E isso vinha da boca de uma figura de grande proeminência na emissora [TV Globo]”, ressaltou.
Na Globo, o ator chegou a interpretar um personagem gay, com toque afeminado, na novela ‘Caras & Bocas’, de 2009. Com a “aparência heteronormativa”, Marco contou que não enxergava chances de se assumir.
“Se fizesse isso, todas as portas se fechariam para mim de forma automática (…) Essa possibilidade me aterrorizava”, disse. “Estava infeliz por dentro. Seguia me escondendo. Na verdade, eu me fazia passar por um heterossexual por pura e simples manifestação de medo”, desabafou.
SE DISTANCIOU
Além disso, Marcos contou ainda que se distanciou do pai, Oswaldo Pigossi, eleitor de Jair Bolsonaro, depois das eleições de 2018. “Durante os oito anos do meu namoro com um homem, minha família sempre soube. Mas meu namorado e eu nunca jantamos com meu pai, que jamais perguntou sobre meu relacionamento”, desabafou.
“Minha vida amorosa era um não assunto. E, quando meu pai votou em Bolsonaro, senti uma dor profunda, uma tristeza profunda (…) Meu pai e eu ficamos sem nos falar durante o ano da eleição – e até hoje temos contatos apenas esporádicos. O abismo, que já era grande, tornou-se ainda maior”, disse.
LIBERTAÇÃO
Recentemente, o nome do ator entrou para os assuntos mais comentados das redes sociais. Isso porque ele assumiu publicamente o namoro com o diretor Marco Calvani. Pigossi afirmou que teve medo de revelar o relacionamento, mas definiu o momento como “uma libertação”.
“Postei e fiquei com um frio na barriga. (…) Recebi mais parabéns do que no dia do meu aniversário”, relembrou. “Foi uma libertação. Uma festa. Nada como viver às claras, ser o que se é em privado e em público. Talvez os futuros galãs não sintam o mesmo medo que eu senti de perder minha carreira. (…) Naquele feriado, as respostas foram um alento imenso, o acolhimento de um mundo inteiro. Marco e eu convidamos uns amigos para comemorar. Tomei um porre. E hoje me sinto invencível”, finalizou.