Allana Lopes pode comemorar o momento feliz na carreira. Depois de deixar as gravações de Poliana Moça, em 2020, no SBT, a atriz surge como Bila, em Gênesis, na Record TV. Agora, um tempo depois, ela está com um pé de volta no elenco da trama infantojuvenil a ser exibida na emissora de Silvio Santos, cujas gravações, interrompidas anteriormente por causa da pandemia, retomam seu ritmo.
Mas ela não parou por aí! Em meio à pandemia, Allana ainda gravou a série Télos, na qual é uma das protagonistas. Empolgada e grata por tantos desafios profissionais, a jovem faz questão de enaltecer a forte ligação com o pai, o também ator Ronaldo Rafael, a quem atribui ter sido sua maior referência e influência para enveredar na dramaturgia [ele faleceu há quase 16 anos].
“Ele ainda é muito presente na minha vida. Tudo que estou vivendo hoje faz parte do legado dele. Sem dúvida, é minha grande inspiração. Meu pai respirava arte e, para minha sorte, acompanhei isso de perto”, relembra com orgulho.
Mas a artista também faz questão de revelar que sempre foi livre para escolher qual caminho seguir: “Eu poderia ter escolhido outra profissão que, ainda assim, diria que ele é a minha grande inspiração. Porque meu pai afirmava que eu podia ser o que eu quisesse. Me ensinou a ter fé”, diz.
Confira a entrevista completa:
Ser filha do ator Ronaldo Rafael influenciou você a enveredar para o mundo da dramaturgia?
Com certeza! Eu sempre falo que o meu pai foi o meu primeiro contato artístico. Aliás, a primeira peça a que eu assisti e também a primeira em que atuei foram com ele. Meu pai me apresentou esse universo e eu me apaixonei.
Você interpretou a Bila, em Gênesis, e revelou que a personagem trouxe vários desafios. Quais?
Primeiro foi entender o contexto histórico e separá-lo da atualidade, afinal estamos falando de outra época e cultura. E também é sempre um desafio não julgar as escolhas da personagem. A Bila fez escolhas que eu considero erradas, mas não podia simplesmente julgá-la, precisava entender.
Aliás, ela não é aquela clássica personagem boazinha ou vilã e, apesar de Gênesis ser uma trama de época, Bila traz uma discussão contemporânea sobre o machismo. E o desafio é que é o legal [do trabalho], ainda mais quando a personagem revela, aos pouquinhos, a personalidade.
Entre a sua dualidade, está a revolta da sujeição e o despertar pelo valor e amor à família depois que foi arrancada do seio familiar pelos amalequitas. Essa rebeldia é o que acaba despertando no público uma discussão sobre o respeito à mulher. Considero muito pertinente trazer essa discussão para nossos dias, pois ainda existe o machismo. E esse pensamento, essas ações de subjugar não apenas a mulher, mas o diferente é um assunto que necessita ser extinto da sociedade.
Bila não mediu esforços para conseguir o que queria. Allana também é assim?
Eu corro atrás do que quero sempre. Não à toa, saí de Brasília de mala e cuia para morar no Rio de Janeiro sozinha, sem conhecer nada nem ninguém. Sempre coloco todos os meus sonhos nas mãos de Deus. Quando a gente luta, batalha pelos nossos ideais e entrega tudo a Ele, as coisas acabam acontecendo. Tenho muita força de vontade, porém tenho muita fé também!
Há outras semelhanças entre vocês duas?
Bila e eu somos completamente diferentes, mas também temos alguns pontos em comum, como a determinação, por exemplo. Quando algo não dá certo, ela logo pensa em novas estratégias. E eu sou assim na vida também, claro que sempre respeitando o próximo e dentro dos meus princípios. Acho que o principal desafio foi encontrar características próprias para emprestar à personagem…
A trama bíblica, mesmo se tratando de uma história de milênios atrás, retrata questionamentos humanos bem atuais, como você também já declarou. Pode discorrer melhor sobre isso?
É simples… Porque, independentemente da época, estamos falando de seres humanos, de gente, de quem tem medos, desejos, anseios, traumas, paixões… E esses sentimentos todos nós vivenciamos, sem exceção, seja naquele tempo remoto ou nos dias de hoje.
Você está com um pé de volta na novela As Aventuras de Poliana. Como é se preparar para duas personagens tão distintas?
É uma delícia [risos]. Acho que esse é o legal da profissão, ser desafiada a interpretar personagens tão diferentes. Assim como a Bila, a Celeste é um presente para mim.
Você já trabalhou com o público infantil antes?
Na verdade, eu comecei com o público infantil no teatro. Tanto no palco como também em um projeto social com o teatro Mapati, em Brasília, que apresentávamos em cidades-satélites do Distrito Federal em um caminhão que abria a lateral e se transformava em um palco. Era um projeto que levava arte gratuita para as crianças. Foi uma experiência maravilhosa.
Em meio à pandemia, além do convite para atuar em Gênesis, você também gravou a série Télos. Num momento tão difícil como esse que enfrentamos, quais lições você tira disso tudo?
Olha, foi um momento realmente muito difícil para todo mundo. Já vinha de dois filmes, mas seria minha primeira novela e estava em sua preparação. Estou falando de Poliana Moça. A trama foi paralisada e a pandemia era algo muito novo e complicado no mundo inteiro. Mesmo assim, me sinto muito privilegiada. Nesse período, protagonizei Télos, como Sofia, um trabalho em que gravei muito e também pude conhecer melhor o que acontece por trás das câmeras.
Logo em seguida, veio o convite para a Bila e já pude emendar com a retomada no SBT. Não parei. Sei que é um privilégio e só agradeço a Deus, pois quantos colegas ficaram sem trabalhar nesse período, né? Foi um período de autoconhecimento, com certeza.
Qual seu maior sonho?
Continuar trabalhando com aquilo que me move, interpretando personagens diferentes e que me desafiem sempre.
Uma alegria…
Conseguir viver da profissão que eu escolhi desde muito nova.
E uma decepção…
A situação atual da pandemia, de não poder abraçar nossos amigos, e a situação do nosso país, por mais que pareça clichê.
Como lida com a vaidade?
Não me considero uma pessoa muito vaidosa por causa do meu trabalho. Não tenho vaidades em função das minhas personagens. Mudo fisicamente com facilidade por uma personagem que me desafie. É isso.