Desde o momento em que descobriu que estava grávida, Viviane Araújo está brilhando de felicidade. A atriz, de 47 anos, está esperando seu primeiro filho, Joaquim, fruto de seu casamento com Guilherme Militão.
Prestes a se tornar mamãe de primeira viagem, a musa optou pela fertilização in vitro para gerar seu bebê, procedimento pelo qual muitas mulheres engravidam. Contudo, a situação de Viviane foi um pouco diferente: ela contou com a doação de óvulos para conquistar a tão sonhada gestação.
Em conversa com AnaMaria Digital, o ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira explicou que a ovorecepção, como é chamada clinicamente, nada mais é do que uma gestação a partir de óvulos doados, ou seja, que não são geneticamente da mulher que está gerando o bebê.
MAS COMO ISSO FUNCIONA?
Naturalmente, os óvulos de uma mulher vão perdendo a qualidade conforme o corpo envelhece. Por isso, a doação de óvulos é a melhor opção para mulheres que querem engravidar, mas já não têm óvulos tão fortes assim ou já passaram pela menopausa.
De acordo com Geraldo, o primeiro passo para iniciar o procedimento é procurar uma clínica especializada, que vai buscar por uma doadora, ou seja, uma mulher com óvulos saudáveis que aceite doar seu material genético. Mas as restrições não param por aí. Um detalhe para lá de importante são as características físicas, que influenciam muito na hora de tomar a decisão acerca da doadora.
Sobre isso, o ginecologista explica: “Nós procuramos por uma mulher com características físicas parecidas com as da mulher que vai receber os óvulos e com o mesmo tipo sanguíneo. O processo é rápido, dura dois meses, no máximo três.”
Com a doadora de óvulos escolhida, o próximo passo é a fertilização in vitro propriamente dita. Os óvulos doados são enviados ao laboratório junto com o sêmen do parceiro da receptora, formando embriões que serão introduzidos no útero da mulher que receberá o material genético.
O BEBÊ FICA PARECIDO COM A MÃE?
Uma dúvida muito frequente é se, por ser um material genético diferente, a criança não seria parecida com a mulher que a carregou por nove meses. Contudo, essa situação é resolvida por um processo bem específico: a epigenética.
De maneira geral, a epigenética é quando o ambiente da criança influencia a manifestação de seus genes e até uma possível transformação destes. Assim, por mais que inicialmente o material genético seja diferente, ele tende a se transformar durante a gestação.
“O bebê fica nove meses no útero da mãe, recebendo o sangue da mãe e, como as características físicas [da doadora] são parecidas com as da mãe, o bebê fica fisicamente parecido com a mulher que recebeu o óvulo”, acrescenta Caldeira.
Isso, entretanto, não altera a ordem genética da criança. Em outras palavras, por mais que o bebê seja parecido com a mãe, os dados genéticos ainda serão da doadora de óvulos, caso os pais decidam fazer um exame de DNA.
SOBRE A BUROCRACIA
Como qualquer procedimento, a fertilização in vitro por ovorecepção também envolve várias questões burocráticas. A primeira delas é que, para realizar a doação, as mulheres têm que ter até 30 anos. Essa restrição é, na verdade, para evitar a perda de qualidade dos óvulos e possíveis riscos de aborto e síndromes genéticas.
Além disso, é importante ressaltar que as mulheres envolvidas no processo, tanto a doadora quanto a receptora, não podem interagir – por questões legais. “A doação é anônima. É proibido a doadora conhecer a receptora e vice-versa. Então, a mulher que doou os óvulos não terá direito [à criança], porque foi uma doação anônima”, conta o ginecologista.
QUANTO CUSTA?
A fertilização in vitro por ovodoação não é um processo barato. No Brasil, o procedimento custa em torno de R$ 35 mil reais, dependendo sempre do médico, clínica ou prioridades da paciente. Portanto, é sempre importante fazer um ‘pé de meia’ para não ter surpresas e, claro, marcar uma consulta com o ginecologista que acompanhará o caso.