O ator do filme ‘Cidade de Deus’, Rubens Sabino da Silva, que interpretou Neguinho no longa, falou sobre como está sua vida no momento, 20 anos depois da estreia da produção que foi indicada a quatro categorias do Oscar.
“Eu virei um morador de rua famoso, mas não rico, enquanto ‘Cidade de Deus’ arrecadou milhões. Na época, ganhei um cachê de R$ 5 mil. Com a nota do contador, passou pra R$ 4,5 mil”, declarou o ator, em entrevista ao jornal Extra.
Na época, Rubens tinha 18 anos e participou do teste de elenco quando andava pelas ruas da Lapa, no Centro do Rio. “Eu me inscrevi e consegui passar. Fiz laboratório com [os preparadores de elenco] Fátima Toledo e o Guti Fraga. Quem ia no ensaio ganhava vale-transporte e um lanche”, contou. Antes do filme, o ator participou dos clipes de Deborah Blando (‘Unicamente’) e do Rappa (‘Minha alma’).
CRIME
Um ano após o lançamento do filme, Rubens voltou à mídia por ser pego em flagrante roubando a bolsa de uma mulher em um ônibus. O ator garante que se arrepende de tal atitude e explicou que estava há dias sem ter o que comer.
“Cometi um crime e me arrependo muito. Eu era muito moleque, fiz essa idiotice. Quando o camarada tem a ficha limpa, pode fazer concurso público. Eu não posso mais”, afirmou. “Depois que eu fui preso, a produção de ‘Cidade de Deus’ me embarcou para Belém do Pará e fiquei três anos internado num centro de recuperação. Como é que um ator assiste à premiação do Oscar de um filme de que ele é um dos principais dentro de uma clínica de reabilitação?”, relembrou.
Rubens, então, assistiu à festa do elenco pela TV e, atualmente, não tem contato com nenhum dos atores. “Todos reunidos e eu afastado. Era pra ser o auge da minha vida. Eu me fechei pra tudo”, lamentou.
‘CIDADE DE DEUS: 10 ANOS DEPOIS’
Em 2012, a Netflix produziu o documentário ‘Cidade de Deus: 10 anos depois’, que contou com a participação de Rubens. O ator afirmou ter ficado “muito exposto” na produção ao contar toda sua história. “Me levaram na Central do Brasil, compraram uns quatro sacos de amendoim pra eu revender e me deixaram na rodoviária. Fui ingênuo, continuei na mesma, pedindo esmola na rua. Não quero mais ser visto como coitadinho”, finalizou.
O diretor do documentário, Cavi Borges, rebateu as afirmações do ator, garantindo que ele foi pago pela obra. “Eu avisei aos atores que eu tinha R$ 300 para dar por entrevista. Estive com Rubinho três vezes e dei R$ 1 mil. Aí ele sumiu por um tempo e voltou me cobrando mais R$ 1 mil, senão não autorizaria o uso de imagem. Quando conseguimos um patrocínio da Secretaria de Cultura para finalizar o filme, demos mais R$ 1 mil. Um filme que custaria R$ 600 mil, a gente fez com R$ 200 mil. Eu, como diretor e produtor, não ganhei nada. Tenho todos os documentos assinados aqui por ele com o nosso acordo. Rubinho é um cara muito inteligente, articulado, um super ator. Mas tem o problema do vício em drogas.”
Além disso, Cavi contou que o diretor de ‘Cidade de Deus’, Fernando Meirelles, tentou pagar a reabilitação de Rubinho. No entanto, o ator acabou fugindo da clínica.