Não é novidade para ninguém que ‘Pantanal’ é uma das melhores tramas das novelas da TV Globo. Em agosto de 2021 começaram as gravações de um remake, 30 anos depois, ainda incerto quanto à crítica e ao gosto do público, mas que acabou se revelando um enorme sucesso.
Aos telespectadores, o drama dos personagens de Benedito Ruy Barbosa deixará saudades. Já para os atores que viveram na pele essas histórias, adaptadas e transformadas em uma obra atual por Bruno Luperi, o sentimento é ainda mais intenso.
Na reta final da novela, cujas gravações se encerraram na última sexta-feira (30), alguns dos artistas que deram vida aos personagens icônicos de ‘Pantanal’, como Alanis Guillen, Isabel Teixeira e Marcos Palmeira, abriram o coração sobre a vivência de gravar este clássico da teledramaturgia brasileira, e compartilharam causos e lembranças dos bastidores.
Confira os depoimentos dos atores e fotos oficiais dos últimos capítulos:
ÚLTIMO ADEUS:
José Loreto, intérprete do peão Tadeu, resumiu bem o sentimento sobre o momento em que a obra foi ao ar. O ator revelou que sentiu com força a pressão das expectativas do anúncio do remake, mas que assim que as gravações começaram, foi tomada por leveza, fruto da parceria da equipe.
“Essa novela foi um acerto, a obra certa, no momento certo, falar de natureza, desse Brasil profundo, dessa conexão cheia de histórias boas, um clássico… ‘Pantanal’ é um marco para mim, de cabo a rabo. As emoções que eu tive enquanto personagem, as vivências, eu esqueci um pouco do Zé. Foi maravilhoso”, contou ele sobre a experiência.
Aline Borges, a segunda esposa de Tenório, Zuleica, também compartilha do sentimento de pertencimento com o resto do elenco e da equipe, e exaltou a profundidade da obra: “Hoje, me maquiando em casa, lembrei que seria o último dia de gravação, me atravessou uma vontade de chorar. De alegria, de gratidão, de ter a oportunidade de viver um encontro como esse. Essa troca genuína que tivemos aqui potencializa o trabalho de todo mundo. O resultado só é grandioso quando a gente realmente tem um encontro onde todo mundo fala a mesma língua, onde todo mundo coloca o amor e a paixão pelo ofício à frente. Pantanal é um grande coletivo de pessoas muito apaixonadas pelo ofício.”
Outra artista que sentiu a potência da obra e a força da união entre o elenco foi Bela Campos, intérprete da jovem Muda. A atriz contribuiu com as próprias expectativas para a obra: “Como eu não era nascida na primeira versão da novela, embora conhecesse, não tinha a dimensão do que essa obra representava no Brasil. Mas já nas primeiras semanas de gravação eu fui entendendo melhor essa obra que fala sobre esse Brasil que está oculto para muitas pessoas, mas que a gente gosta de ver, de acessar”, começou.
“Quando vi o primeiro capítulo entendi a grandiosidade de ‘Pantanal’. E comecei a entender o que conquistou o público tão fortemente 30 anos atrás, e que felizmente, a gente conseguiu conquistar de novo agora. Para mim, foi uma grata surpresa, uma grata descoberta. O texto, a qualidade dos personagens, o fato de todos terem algo relevante a contar é um diferencial”.
Por fim, Bela trouxe o público para dentro da novela: “Nós nos sentimos todos parte da mesma família, a família Leôncio. Eu percebo isso quando as pessoas vêm me falar da novela e eu acho que é por isso, porque é uma trama acolhedora. Eu vejo que as pessoas têm essa sensação de pertencimento à cozinha da Filó, às rodas de viola. De alguma forma, parecia que o público estava sempre ali com a gente e isso foi muito gostoso”.
Jesuíta Barbosa, o Jove do remake, foi outro que sentiu : “A sensação é de que nós, do elenco e equipe, nos tornamos amigos, uma família. Acho que tem muito da casa do José Leôncio nesse sentimento, uma sede familiar. Isso aconteceu nos bastidores, tem uma família de pessoas que eu gosto e todo mundo sente a mesma coisa. De ‘Pantanal’ em mim fica muita ternura, atenção e cuidado com o outro.”
Já a estreante nas telinhas, Alanis Guillen, que deu vida menina-onça Juma, refletiu sobre a própria transformação atuando na novela: “’Pantanal’ está ainda modificando muito a minha vida a cada dia. É tanta coisa que se vive, tanta transformação, interna, externa, e eu sinto que ainda é cedo para digerir tudo isso. Sei que quando eu finalizar o trabalho vou ter tempo de elaborar e digerir”.
Quem também usou a própria carreira para expressar a sensação de viver o ‘Pantanal’ foi a intérprete de Irma, Camila Morgado: “A gente ter começado a gravar a novela no Pantanal fez com que a gente se habituasse, tivesse propriedade para contar essa história, então foi um processo muito leve e divertido. O que aconteceu em ‘Pantanal’, que é muito raro, é que equipe e elenco se dão muito bem, todo mundo se sente pertencido. Isso é raro, a gente conta nos dedos os trabalhos que ficam em um lugar muito especial. E Pantanal fica. Todo mundo é amigo, se gosta de verdade, isso é o que fica”, explicou.
Dira Paes, que viveu Filó, exaltou a amizade com seu par romântico na novela, Marcos Palmeira, e também revelou que se sente uma pantaneira: “O sentimento que carrego hoje é de agradecimento a essa equipe e elenco incrível que fez a novela. Essa parceria com o Marquinhos Palmeira, que é uma pessoa tão importante na minha vida profissional. Eu tenho muito a agradecer por ele estar no meu caminho, espero cruzar com ele muito mais vezes na minha vida. E entender que viver os momentos especiais não é o cotidiano das pessoas”.
E continuou: “Eu me apaixonei pelo Pantanal, o local. E eu acho que sou meio pantaneira também. Eu tenho que admitir que eu sou uma mulher que poderia ter nascido no Pantanal. Eu acho que tenho uma cara pantaneira. Eu poderia muito bem dizer que sou de lá, então eu te diria que hoje eu sou Pantanal. Também, além da Amazônia”.
Juliano Cazarré deu um depoimento forte e profundo, e contou que vê a novela como um divisor de águas tanto na carreira quanto na vida pessoal: “Estou feliz que o público gostou da novela e no meu caso especificamente do Alcides, um personagem que teve uma boa recepção e que tem uma história linda dentro da trama, de redenção, um cara que se modifica ao longo do tempo.”
Por fim, ele comentou sobre a vida pessoal: “Essa novela foi um grande teste para mim. Eu estava num momento complicado da vida pessoal. Eu e minha esposa tivemos uma filha que precisou ficar em São Paulo. Hoje estamos gravando aqui as últimas cenas e ela passou pela terceira cirurgia. Deu tudo certo, graças a Deus. Foi uma novela que exigiu muito de mim no sentido emocional. É uma experiência que vai ficar marcada na minha vida, uma novela que eu jamais vou esquecer e, dentro da minha carreira, eu acho que ela é um ponto de inflexão. A chance de mostrar um trabalho maduro, de muitas emoções, um personagem de altos e baixos. Uma novela que vou guardar com carinho no meu coração”, concluiu.
Irandhir Santos, intérprete de um dos filhos do pantaneiro Zé Leôncio, José Lucas, e de Joventino na primeira fase, contou sobre a dificuldade da despedida: “Devido ao mergulho ter sido tão profundo e bonito, eu sempre tenho um pouco de dificuldade quando chega perto de concluir. Porque você gosta do que está fazendo, se diverte, tem prazer na história que está contando e concluir isso, encerrar esse ciclo, é sempre difícil para mim.
Por fim, o ator elogiou o criador da trama: “’Pantanal’ me deixa a certeza de que é sempre possível contar uma boa história e emocionar as pessoas. Temos muitas histórias assim. O Benedito é um farol nisso, seu texto. Ele que vai nesse tão falado Brasil profundo, ele realmente toca na alma dos espectadores. E você vê essa resposta no público.”
Já Isabel Teixeira, considerada a grande atriz revelação do folhetim por seu papel como Maria Bruaca, contou o impacto que o alcance da televisão teve na própria atuação: “Eu me senti participando do país, de uma certa maneira. Sempre pensando nessa grandiosidade continental do nosso país. E quando eu me dei conta de que muita gente estava assistindo, comecei a fazer a conta de quantas pessoas assistiram e quantas sessões de uma peça de teatro eu teria que fazer para alcançar esse público. Eu saio com isso e com amigos novos, para a vida, acho que foi muito quente, humanamente quente, todas essas relações. Isso vai fazer parte da minha vida para sempre”, disse ela.
Outro relato especial foi de Marcos Palmeira, que esteve na versão original da novela como Tadeu, e que topou encarar o desafio de viver o protagonista – o pantaneiro José Leôncio: “Na minha idade, lembrar do tempo, da outra novela, representar esse papel que fez tanto sucesso com Claudio Marzo, um grande amigo… Tudo isso é especial. A gente pode acreditar na dramaturgia de verdade, não ter medo de contar a história, de dar tempo a ela, sair um pouco desse universo digital. É uma novela analógica, se você pensar, o tempo, a história, a dinâmica de vai e volta. A gente tem de acreditar na dramaturgia”, comentou.
‘Pantanal’ é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por seu avô, Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes e Gustavo Fernandez, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard, Cristiano Marques e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim