Com a morte de Gal Costa, o tema “nódulos nasais” foi bastante comentado na semana passada, visto que a cantora havia dado uma breve pausa na carreira após fazer uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita. Mas o que é isso?
Chamamos de nódulo qualquer agrupamento sólido de células maior que 1 centímetro de diâmetro. Ou seja: é uma bolinha de células. Para diferenciar temos um cisto. Neste caso, há uma cápsula de células com conteúdo líquido, como uma bexiga de borracha preenchida de água.
Nódulos e cistos podem ocorrer em qualquer parte do nosso corpo ao longo da vida, e podem se malignos ou benignos.
E NO NARIZ?
Quando surgem no nariz, os nódulos devem sempre ser investigados por meio de exames físicos, através da rinoscopia (quando o médico examina o nariz apenas olhando), até exames de endoscopia e imagem (tomografia e ressonância).
Outro diferencial, na maioria das vezes, é conseguir fazer a nasofibrolaringoscopia já no consultório, para avaliar as estruturas dentro do nariz. Por meio deste exame, conseguimos ver o septo (se está reto ou desviado), o tamanho, coloração e posicionamento de todas as estruturas do nariz. Assim, quando houver a presença de uma estrutura diferente, devemos proceder a exames complementares para determinar a extensão do nódulo.
COMO SABER SE TENHO UM NÓDULO NO NARIZ?
A depender do tamanho, o nódulo pode não dar sintoma. Isso acontece pelo fato do nariz e seios da face serem estruturas ocas, com espaço para a passagem de ar. Assim, este problema pode demorar para dar sintomas, especialmente se crescer dentro de algum seio da face.
Quando o crescimento é dentro do nariz, os sintomas acorrem mais rapidamente, pois o espaço é menor. Assim, quando houver presença de obstrução nasal recente em uma narina, um otorrinolaringologista deve ser procurado. Veja possíveis sintomas:
- Obstrução não melhora com medicação ou lavagem com soro fisiológico;
- É acompanhada de dor local;
- Redução do olfato;
- Secreção nesta narina;
- Odor ruim e sangramentos.
Algumas pessoas também podem apresentar inchaços locais na face e, a depender da região do nódulo, pode haver infecção (como sinusite) e redução de audição.
QUALQUER PESSOA PODE TER ISSO?
Sim! Os nódulos ou tumorações nasais podem ser benignos, ou malignos (câncer), e sua incidência varia nas faixas etárias. Assim, existem nódulos mais frequentes em crianças e outros em adultos. Quanto a ser benigno ou maligno, no caso de nódulos nasais, os malignos acorrem nos adultos e idosos na maioria das vezes.
Por isso a presença de obstrução nasal deve sempre ser investigada! Não é normal não respirar pelo nariz.
QUAIS OS TIPOS DE NÓDULOS NO NARIZ?
O nódulo nasal pode iniciar em uma narina, mas crescer e abranger ambos lados. O tipo pode variar conforme a idade. Assim, em crianças, o pólipo antroconal é o problema mais frequente. Neste caso temos, “uma carne esponjosa” benigna que cresce, além da conta, dentro do nariz.
Ainda nas crianças, o nasoangiofibroma também é possível. A diferença é que este último tem um comportamento mais agressivo, cresce rápido e causa muito sangramento nasal.
Nos adultos, os nódulos nasais podem ser pólipos como descrito acima, porém aumenta bastante a frequência de tumores como papiloma e carcinomas, um dos tipos de câncer possíveis na região.
COMO SABER O TIPO DE NÓDULO QUE TENHO?
Isso é fundamental para determinar qual tratamento deve ser seguido. Antes de mais nada, são feitos exames de diagnóstico, como nasofibroscopia, além de exames de imagem (tomografia e ressonância), para determinar a extensão da doença. Isto quer dizer: mostram se o nódulo está só no nariz ou se cresceu para outras regiões da face.
Na sequência, chega a fase da biópsia, na qual tiramos um pequeno fragmento do nódulo para saber seu tipo. Com estes dados em mãos, o médico programa o tratamento que, na maioria das vezes, é cirúrgico.
Sempre que possível retiramos o nódulo por completo durante a cirurgia e, a depender do tipo, outros tratamentos complementares são necessários.
Moral da história: nódulos nasais ocorrem em todas as idades, com diferentes graus de gravidade e tratamentos. O mais importante é: fique atento a obstrução nasal! Não respirar bem pelo nariz é o sintoma mais frequente.
*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves